Fórum celebra Semana do Meio Ambiente com painel sobre turismo sustentável e ODS

Em comemoração à Semana do Meio Ambiente, o Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico realizou nesta quinta (09/06) o painel Turismo Sustentável e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Para os especialistas, o turismo aliado à conservação da natureza apresenta um grande potencial socioeconômico, gerando emprego e renda, além de contribuir para a conscientização ambiental e valorização da cultura local. O encontro pode ser assistido na íntegra pelo Canal do Fórum no Youtube.

“O turismo sustentável gera senso de cuidado e apoio às áreas protegidas. Ele promove conexão dos visitantes por meio de experiências transformadoras para o crescimento e bem-estar do indivíduo e ainda impacta positivamente para a conservação, incutindo um maior sendo de cuidado e apoio aos valores das áreas protegidas” afirmou o chefe do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba na ICMBio, Marcelo Pessanha.

Porém, ele frisa que para ser sustentável de fato, esse turismo precisa contribuir para a preservação a longo prazo e não apenas de imediato, garantindo que a conservação não seja comprometida pelo uso público inadequado ou mal gerenciado.

Durante o painel ele apresentou a ferramenta ROVUC, criada para atender as especificidades do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, que auxilia também na gestão e planejamento das áreas protegidas.

“Além de orientar no processo de planejamento do uso público, o ROVUC pode ser utilizado para inventariar as diferentes oportunidades de visitação existentes ou potenciais, para auxiliar na diversificação, orientar a implantação e promover o manejo mais adequado dos ambientes naturais para proporcionar as experiências de visitação desejadas nas unidades de conservação”, detalhou ele que dentro do Instituto Chico Mendes trabalha a ferramenta em duas estratégias como as PPI-Concessões para áreas de altas complexidade e grande número de visitantes e também em editais de autorizações e permissões para os locais de baixa e média complexidade e número menor de visitantes.

Em nível estadual o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), que tem a competência de empreender ações para a conservação da biodiversidade fluminense e administrar as unidades de conservação (UCs) do estado, tem trabalhado para colocar as ODS em prática nas suas políticas públicas. Entre as principais ações listadas pela gerente de Visitação, Negócios e do INEA, Manuela Tambellini, está a formação de condutores dentro dos parques estaduais.

“Hoje temos 12 parques estaduais e 39 áreas protegidas com grandes oportunidades de desenvolver as metas do ODS. Fazemos isso pensando no bem-estar dos visitantes e comunidades locais, junto com a questão econômica e ambiental. Assim, desenvolvemos o programa de condutores, em parceria com universidades e órgãos como a Secretaria de Estado de Turismo e as secretarias municipais, para atuarem nesses parques unindo conhecimento e experiência local. Os condutores especializados agregam deixando a visita mais rica com valorização do conhecimento local”, explicou.

Os 12 parques estaduais administrados pelo INEA estão listados no site www.parquesestaduais.inea.rj.gov.br que traz informações sobre os atrativos, trilhas, lista de guias e condutores locais e atrações do entorno, por exemplo.

A gestora do Parque Natural Municipal da Cidade (SMAC), Ana Gabriela Oliveira do Carmo, abordou a participação social nas atividades de gestão como forma de contribuir para a conservação da natureza.

Para ela, a visitação como aliada da proteção da natureza favorece a educação ambiental, a pesquisa científica, proporciona atividades de recreação e lazer, esportivas, permitindo também a contemplação das paisagens e a promoção de eventos socioambientais.

“A equipe do parque trabalha constantemente pela qualidade ambiental e dos espaços públicos, mas a participação da sociedade é preponderante para a conservação ambiental. O comportamento dos visitantes nas áreas naturais deve estar em observância às normas acerca da capacidade de suporte, questão dos resíduos sólidos que devem ser descartados corretamente e outras normas que garantem a conservação dos recursos naturais”, pontua.

O engajamento das comunidades locais na prática da responsabilidade social pelos meios de hospedagem foi tema de uma das mesas do evento. De acordo com o coordenador da Comissão Especial de Gestão de Turismo do Conselho Regional de Administração (CRA-RJ), Júlio Loureiro, as empresas precisam não apenas parecerem socialmente responsáveis, mas adotarem produtos, posturas que reduzam o impacto ambiental.

“A educação ambiental deve ser incentivada para que o próprio público interno, clientes e comunidade local possam participar desse processo com ações que visam desde a economia de recursos de água, energia, além de ferramentas de garantia de controle e qualidade que são de grande valia”, enumera.

Júlio também sugere a realização de palestras, oficinas, troca de conhecimento, acesso a ferramentas de desenvolvimento pessoal e de cidadania para comunidade local, assim como a preferência pela utilização de mão de obra e produtos da região que beneficiem o desenvolvimento socioeconômico.

O evento também apresentou cases bem-sucedidos do hotel Bühler, de Visconde de Mauá, e as ações de sustentabilidade realizadas pelo RIOgaleão.

Instituto Fecomércio de Sustentabilidade (IFeS)

Na ocasião também foram apresentadas as iniciativas do Instituto Fecomércio de Sustentabilidade (IFeS), lançado em dezembro passado, com o objetivo de estabelecer programas que atuam no desenvolvimento do empreendedorismo social e ambiental, como elemento de promoção do crescimento humano, empresarial e das instituições, de modo a otimizar as práticas sustentáveis presentes na relação entre empresários e consumidores do comércio de bens, serviços e turismo fluminense.

Entre os destaques estão a criação do programa RePET, com uma máquina de coleta automatizada para o descarte de garrafas pet e tampinhas plásticas. A iniciativa tem como base a logística reversa pós-consumo, processo que consiste na coleta e encaminhamento à reciclagem (ou outra destinação adequada) de produtos e seus resíduos após o descarte do consumidor final.

“Quase 65% dos turistas estrangeiros que visitam o Rio de Janeiro vêm atraídos pelo litoral e o mar. A questão da balneabilidade e o descarte incorreto das garrafas pets no mar impactam nessa experiência. Com essa iniciativa a gente contribui para fomentar o turismo na atração desses visitantes. A gente sabe da importância e da força econômica do turismo para o estado e sem sustentabilidade não vamos ter perenidade e nem um estado forte e competitivo”, explica o diretor executivo do IFES - Instituto Fecomércio de Sustentabilidade, Vinicius Rocha Crespo de Oliveira, que anunciou um novo projeto para transformar garrafas de vidro em areia também.