Potencialidades do turismo de saúde no estado são debatidas em painel

A pandemia da Covid-19 impactou duramente o setor de Turismo. Na busca por saídas, os especialistas apontam o potencial econômico do Turismo de Saúde, ainda pouco explorado no estado. Durante a reunião da Câmara Setorial de Cultura, Turismo e Esportes, nesta quarta (30/09), o grupo pode conhecer um pouco mais sobre quais são as cidades que atraem fluxos de outros municípios e regiões em busca de atendimentos de média e alta complexidade. Assista na íntegra. 

Segundo pesquisa divulgada recentemente pelo IBGE sobre os fluxos de deslocamento em busca de tratamento médico no país, o estado tem mapeados 16 destinos principais na busca por atendimento de alta complexidade, como: tratamento de câncer, leitos de UTI e cirurgias mais complexas, por exemplo. “São cidades que já são centrais no estado por outras razões e acabam também se tornando referências para o atendimento de saúde”, comentou  o gerente de Redes e Fluxos Geográficos do IBGE, Bruno Hidalgo.

Para o professor do Departamento de Turismo da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Luciano Pereira, o Turismo de Saúde hoje é responsável por 9,2% dos deslocamento de indivíduos em território nacional. “Ele é maior do que o turismo religioso, de congressos e eventos ou ecológico, por exemplo, e se divide entre o turismo médico e de bem-estar. Porém, recebe muito menos investimentos estatais do que os outros segmentos”, explicou.

Dentre os desafios, Luciano citou o fortalecimento das estruturas para reconhecer as regiões fluminenses que tenham vocações para o turismo de bem-estar, ofertando procedimentos não-invasivos. De acordo como pesquisador, o turista de saúde costuma permanecer em média entre 15 a 22 dias no destino e desembolsa cerca de US$ 300 por dia, além de movimentar toda uma cadeia produtiva.

Niterói é um município que já vem trabalhando suas vocações como destino para o turismo médico junto à iniciativa privada. De acordo com o presidente do Niterói Convention & Visitors Bureau, Ricardo da Fonseca, as áreas que mais atraem os turistas são as de cirurgia plástica, bariátrica, medicina esportiva e reprodução assistida. Além de bons profissionais nessas especialidades, é preciso contar também com uma rede de serviços de saúde estruturada com hospitais, clínicas, laboratórios e centros de imagens avançados.

“Niterói conta com uma das mais importantes universidades federais do país, a Universidade Federal Fluminense (UFF), onde gravitam excelentes profissionais, além de contar com uma rede de médicos e hospitais de ponta. A cidade se destaca pelo quadro médico capacitado e nas áreas odontológicas e de fisioterapia e reabilitação”, frisou.

Para o presidente da Federação de Convention & Visitors Bureaux, Marco Navega, o estado precisa investir em segurança pública para que o setor de turismo possa crescer. Para isso, poderia se inspirar no caso de Medelín, na Colômbia, que superou a violência e trabalhou sua imagem, atraindo mais turistas. “A redução dos índices de violência levaram a um crescimento econômico contínuo e também um aumento expressivo do turismo de lazer, negócios e saúde. Apenas em 2019, Medelín recebeu cerca de 2,5 milhões de turistas, enquanto no Brasil todo esse número vem recebendo 6 milhões”, frisou.

A próxima reunião da Câmara Setorial de Cultura, Turismo e Esportes será dia 28/10, às 10h. 

Acesse as apresentações:

Marcos Navega - presidente da Federação de Convention & de Visitors Bureaux do Rio de Janeiro

Luciano Pereira - professor do Departamento de Turismo da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio)

Bruno Hidalgo - gerente de Redes e Fluxos Geográficos do IBGE

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