Fórum da Alerj debate papel do turismo de saúde na economia do estado pós-pandemia

O Fórum de Desenvolvimento da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) realizou, nesta quinta-feira (30/04), um debate por videoconferência sobre o papel que o Turismo de Saúde pode ter na retomada da economia pós-pandemia do coronavírus. O setor é caracterizado por viagens com finalidade de restauração do bem-estar na mente e corpo de uma pessoa e, segundo o Ministério do Turismo, seu crescimento se deve ao aumento da longevidade da população mundial e a busca por uma melhor qualidade de vida. O painel pode ser acessado na íntegra clicando aqui.

Luciana De Lamare, diretora-executiva do Vale do Café Convention & Visitors Bureau, afirma que existem diferentes demandas e oportunidades que acompanham os dois nichos do segmento de mercado do turismo de saúde, o ramo hospitalar e o campo do bem-estar. Mas destaca que os profissionais da saúde ainda possuem dificuldade em compreender o produto turístico como capaz de desenvolver uma ampla gama de tratamentos médicos: "A saúde é segmento do turismo, mas o turismo não é um segmento da saúde".

Foi levantado na discussão que em países com suporte do poder público a esse tipo de serviço o retorno financeiro é alto: "Estamos falando de um segmento que até o ano passado tinha estimativa de movimentar até 100 bilhões de dólares", afirmou De Lamare. Com apoio de dados do Governo Federal, que mostram que esse tipo de turista é o que mais consome e permanece no destino escolhido, ela reiterou a importância do apoio governamental e a revisão de certas leis que impedem o desenvolvimento desse segmento: "Uma das razões para o segmento ser bem-sucedido no destino é esse abraço do poder público".

Secretária-geral do Fórum da Alerj, Geiza Rocha destacou a importância da absorção da população brasileira também nesse segmento. Ela analisou o mapa divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), lançado no início do mês, que mostra as distâncias que a população de cada estado percorre para conseguir atendimento médico: "Em média, o cidadão precisa se descolar 72km para ter atendimento de baixa e média complexidade, que não existem em suas cidades, e até 140km para alta complexidade. E mesmo que no Estado do Rio de Janeiro essas distâncias sejam menores, isso não quer dizer que seja tão fácil a todos os municípios acessar esse tipo de tratamento", ponderou.

Luciano Pereira, professor do Departamento de Turismo da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), apontou qual o caminho que o Estado do Rio pode traçar, gerando mais oportunidades de emprego e desenvolvimento econômico do estado: "O Rio de Janeiro tem a maior capacidade técnica do país, com 63 hospitais acreditados nacional e internacionalmente, 15 centros e/ou universidades na área de Medicina, e nenhum outro estado da federação conta com esse tipo de recurso", afirmou. "Quanto mais um estado investe em saúde, mais ele terá desenvolvimento econômico", observou o educador.

Os debatedores da teleconferência frisaram em diversos momentos a importância do apoio do Poder Público a esse setor, bem como falaram sobre a importância de se aprimorar a Lei 11.771 (Lei Geral do Turismo).

Participaram também da reunião a professora e presidente da Organização Helio Alonso de Educação e Cultura, Márcia Regina Alonso Pfisterer, que questionou se os eventos e congressos de saúde poderiam ser incluídos nesse segmento do turismo; e o presidente da Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro (TurisRio), Philipe Campello, que reiterou o papel das barreiras sanitárias e a influência que elas possuem no turismo de proximidade.

Texto: Marco Stivanelli  - Comunicação Social da Alerj