Pesquisa aponta o turismo como principal legado dos megaeventos esportivos

No período de dois anos a cidade do Rio de Janeiro terá sediado dois dos eventos esportivos mais importantes do planeta: a Copa do Mundo 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, gerando grandes oportunidades de desenvolvimento e ganhos para o município e para o estado. Um estudo apresentado nesta quinta (31/03), na Câmara de Cultura Turismo e Esportes do Fórum de Desenvolvimento do Rio, comparou os dois megaeventos e mostrou que a experiência da Copa do Mundo gerou uma série de aprendizados para a realização das Olimpíadas. A pesquisa, realizada com apoio do CNPq e Faperj, apontou que grande parte dos residentes do município acredita que o turismo será o principal legado desses eventos esportivos, trazendo melhorias duradouras para 75,8% dos entrevistados. O segundo aspecto mais bem avaliado foi o legado dos esportes (70,8%). A pesquisa também sinalizou um aumento de interesse dos residentes em esportes para 21,5%.

 “Grande parte dos residentes, turistas brasileiros e estrangeiros perceberam o incremento da atividade turística no país como um aspecto positivo da Copa do Mundo. Evidencia-se uma oportunidade para estimular o turismo não só no destino sede, mas nos arredores. A Copa do Mundo foi, para o turista brasileiro, a Copa da família. Muitos brasileiros aproveitaram a oportunidade para visitar familiares e amigos em outros destinos. O turismo esportivo é um segmento que ainda pode ser melhor trabalhado no estado do Rio de Janeiro, tendo em vista a realização deste dois megaeventos. Com a Copa do Mundo percebeu-se uma oportunidade para se incrementar a experiência do turista, seja por meio de inovações ou melhorias incrementais, desde o momento que o turista chega ao destino, ao momento que ele retorna ao destino de residência”, afirmou Paola Lohmann, uma das autoras do estudo. 

O professor Lamartine da Costa, da UERJ, uma das maiores expressões da educação física brasileira, faz coro aos dados da pesquisa. “O principal é focar no turismo. O Rio de Janeiro será a última cidade olímpica, não terá outra. As próximas edições não se concentrarão mais em uma única cidade. O Rio terá um ganho imenso de imagem se tudo ocorrer bem e carregará essa imagem de cidade olímpica. Ao fim dos Jogos Olímpicos, a cidade terá 80 mil quartos de hotéis disponíveis. Grandes cadeias internacionais investiram na cidade e elas não vieram para perder dinheiro com certeza.”, disse Lamartine. O professor ainda destacou o ganho na mobilidade urbana. “A cidade ficou 30 anos sem grandes obras. Os dados são incontestáveis. Hoje 30% da população utiliza o transporte público. Após os Jogos esse número pulará para 60%”.

Para 54% dos residentes a realização das Olimpíadas no município é algo positivo, um número mais alto do que na Copa do Mundo quando 65% não achavam uma boa escolha sediar o evento. Porém, durante o Mundial de futebol, esse número aumentou chegando a 77% de aprovação.


                                                                             

 

As oportunidades de negócios foram destacadas como um fator positivo e deverão ocorrer para 87,6% dos respondentes, assim como a geração de lucros (83,9% de concordância) e estimulo à atividade comercial da cidade (92,6% de concordância).


                                                                              

Dentre os aspectos negativos, os entrevistados apontaram a corrupção, os gastos excessivos e desnecessários, a redução de investimentos na população, o trânsito e transtorno devido às obras, esse último sentido por 53% dos respondentes. Porém, a maioria concorda que haverá melhorias após as intervenções, mas a percepção é de que não serão duradouros, apenas pontuais.

                                                                  

 

 “A má gestão financeira e a corrupção são os aspectos negativos mais percebidos pelos residentes e turistas, sobre a realização da Copa do Mundo. Para os Jogos Olímpicos verifica-se um cenário ainda mais complicado do que da Copa do Mundo, tendo em vista o momento político e econômico que o país vive. Um outro aspecto negativo é o vírus da  Zika. Por fim, a questão da segurança também será uma temática de grande importância, tendo em vista todas essas questões de terrorismo que vem surgindo com força internacionalmente”, enumerou Paola.

Os dados apresentados foram de duas pesquisas realizadas uma antes e depois da Copa, esta financiada pelo CNPq, e outra já iniciada que pretende repetir a pesquisa no períoro pré-Olimpíadas. A primeira deu origem ao livro "Megaeventos Esportivos - impactos no turismo das cidades-sede", que será lançado em breve. "Nosso objetivo ao trazer esse cruzamento é nos aproximarmos das instituições e mostrar que ainda dá tempo de corrigir rumos e qualificar ainda mais a experiência dos turistas, mesmo estando tão próximos das Olimpíadas", finalizou Paola. 

O estudo completo pode ser acessado neste link