Câmara Setorial de Formação Profissional e Tecnológica finaliza o roteiro para a certificação que reconhece saberes informais

A discussão sobre a certificação dos conhecimentos adquiridos fora do ambiente formal de ensino foi retomada na reunião da Câmara Setorial de Formação Profissional e Tecnológica. Nesta quinta-feira (17/10), o diretor do Sindicato das Empresas de Informática do Rio de Janeiro (TIRio), Paulo Milet, apresentou aos membros as alterações feitas no Roteiro para a Implantação do Processo RVA (Reconhecimento e Validação de Saberes), no estado do Rio de Janeiro. O documento também contou com as contribuições dos representantes da AB TELECOM, do SENAI RJ e do IF CRQ e será entregue à deputada Tia Ju.

Com o objetivo de reconhecer formalmente saberes e competências profissionais, foi criada a Rede Nacional de Certificação Profissional, prevista na Portaria MEC nº 902, de 9 de setembro de 2024. Enquanto o Fórum, ao debater os saberes informais, visa conhecimentos para além dos já estabelecidos formalmente no ambiente laboral. Para tal, foi adicionado ao roteiro um anexo com a lista de profissões contempladas pelo projeto, nas áreas de programação, inteligência artificial, cibersegurança, entre outras.
“Priorizei como sugestão começar pela área de TI, que precisa contratar muitos profissionais, mas o projeto pode se estender para outras áreas em que a certificadora pode ser a Associação Comercial do Rio de Janeiro, por exemplo, ou outra entidade que entende de um determinado assunto, que possa certificar um segmento”, disse Milet.
Para a administradora do CRA-RJ, Ana Shirley França, seria importante abranger a vasta possibilidade de profissões do mercado de trabalho.

“Gostaria de sugerir que tenhamos uma legislação que seja bastante ampla porque assim como a TI, com suas variáveis e múltiplas possibilidades profissionais e de trabalho, também passamos por isso na área de gestão Foram criados cursos de gestão, de questões hídricas e de resíduos sólidos. São conteúdos muito atuais, que até o momento não temos certificações, a não ser pela via formal, mas tenho certeza de que muitos profissionais já atuam nessa área e precisariam de uma certificação para o reconhecimento do trabalho que realizam”, apontou.

Foram recomendadas a criação de uma legislação específica, um sistema centralizado de registro e consulta de certificados, um plano de comunicação e engajamento, definição de um comitê gestor, realização de uma análise detalhada dos resultados e desenvolvimento de modelo de negócios, planos setoriais específicos e métodos de avaliação adaptados.

O professor da CEFET/RJ, Heitor Mendes, comentou sobre a insegurança dos empregadores em contratar funcionários com saberes informais e trouxe uma visão positiva sobre a implementação da proposta.

“A grande preocupação de contratar uma pessoa de uma determinada área que não tenha um reconhecimento formal, é a insegurança de saber se aquela pessoa de fato sabe o que ela diz saber. Quando existe um mecanismo de certificação oficializado, dá mais segurança para o empregador de fato”, afirmou Heitor.

Segundo o docente, o surgimento de novos saberes é muito dinâmico, o que dificulta o processo de reconhecê-los. Para ele, o sistema formal de capacitação, recapacitação e requalificação das pessoas avança mais lentamente do que o progresso atual das novas profissões. Uma vez criados mecanismos que certifiquem esses grupos, ele considera que há um fomento às possibilidades de ascensão social.

Para saber mais detalhes, veja a reunião na íntegra no Canal do Fórum da Alerj no YouTube.