A Câmara Setorial de Gestão e Políticas Públicas realizou na manhã desta quinta-feira (12/09) um painel virtual para tratar os jogos de azar, seus impactos na saúde pública e sugerir ações de prevenção. O tema foi abordado pelo coordenador-geral do Programa Ambulatorial Integrado dos Transtornos do Impulso da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Hermano Tavares, que pontuou não ser a primeira vez que o Brasil enfrenta esse tipo de problema.
“Na década de 90 aconteceu algo bastante similar com os bingos que se tornaram uma febre por todo o país. Porém, ao contrário do bingo, que tem uma lei definitiva, a gente precisa começar a tomar medidas preventivas e de suporte para as pessoas que estão sendo afetadas pelos jogos de azar online”, declarou Tavares.
O especialista destacou que em países esses jogos de azar online são legalizados, tais como a França e a Inglaterra, os governos desenvolveram mecanismos a fim de controlar a compulsão por apostas. Entre as medidas tomadas estão o requerimento do CPF do apostador e o bloqueio do acesso às plataformas de apostas e de transações financeiras durante horários específicos, especialmente durante a madrugada.
Hermano reforçou também a importância de proteger as gerações mais jovens desta adicção e a necessidade de proibir a publicidade de apostas em grandes mídias, incluindo a internet, além de proibir a divulgação por meio de influenciadores digitais.
O professor do Departamento de Evolução Econômica (DEE) da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ, Rodrigo Rodriguez, deu continuidade à discussão reconhecendo que a adicção em apostas não apenas é uma questão de saúde pública, mas que o jogo compulsivo também afeta diversas outras áreas, como a economia e o comércio.
“Já há relatórios de bancos mostrando os impactos no varejo recorrentes do consumo de jogos de azar porque as pessoas estão comprometendo as suas rendas e se endividando por causas desses jogos de azar online, afirmou Rodrigo, que apresentou o perfil dos atuais apostadores. De acordo com ele, nos primeiros sete meses de 2024, cerca de 25 milhões de brasileiros começaram a apostar. Entre os apostadores, a maioria é homem (53%), já em relação à faixa etária 40% têm entre 18 e 29 anos, 41% entre 30 e 49 anos, enquanto 19% têm 50 anos ou mais.
Rodriguez ainda pontuou que o debate sobre jogos de azar não deve se limitar apenas ao âmbito federal, mas compete também aos estados tomarem medidas para conter os danos. O professor citou algumas ações que podem ser tomadas em território fluminense, como a criação de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) especializado no vício em apostas, nos moldes do que já foi implementado pelo Hospital das Clinicas da USP, em São Paulo.
Ao final das apresentações, os membros da Câmara decidiram criar um subgrupo para elaborar um documento sobre o tema com sugestão de medidas a ser entregue à deputada Tia Ju (REP), segunda vice-presidente da Mesa Diretora da Alerj e responsável pela condução do Fórum.
Assista à reunião completa no canal do Fórum da ALERJ no YouTube