Fórum inicia construção de documento sobre segurança pública na mobilidade urbana

A Câmara de Infraestrutura e Logística iniciou nesta terça (11/06) a construção de uma nota técnica sobre os impactos da segurança pública na mobilidade urbana. No encontro de hoje, a gerente de mobilidade urbana da Semove, Eunice Horácio, apresentou o panorama de roubos e furtos do sistema de transporte público por ônibus. Os dados mostram a série histórica e a distribuição geográfica de roubos e furtos.

“O sistema de ônibus vem sofrendo prejuízos com perda de demanda. Há uma redução no fluxo de passageiros devido à Insegurança no transporte público, além de prejuízos com os ataques e roubos aos ônibus. Com isso há perda de competitividade e os custos ficam mais altas, afetando o público, que acaba pagando a conta”, explicou Eunice.

Em 2023, foram 5.570 roubos e 8.040 furtos em coletivos, totalizando 13.610 ocorrências. A Avenida Brasil (13,4%), seguida pela Rodovia Presidente Dutra (12,3%) e Via Light (9,8%) são os pontos com maiores ocorrências.

“Essas são apenas as ocorrências registradas, mas o número real é muito maior. Nos mapas de calor a gente consegue ver a Região Metropolitana e o ponto crítico é a cidade do Rio de Janeiro, seguida pela Baixada Fluminense. A faixa horária mais crítica também é justamente o horário que escurece. A gente sempre fala que mobilidade também tem a ver com iluminação pública, com calçadas seguras e isso coincide com o relatado. A Avenida Brasil é um eixo altamente inseguro, com a quantidade de engarrafamentos as pessoas ficam mais sujeitas aos roubos e furtos. Isso e não acontece só com os carros, mas nos ônibus também”, detalhou.

Outro ponto levantado por Eunice foi a depredação e vandalismo que ocorrem nos ônibus e também aumentam a sensação de insegurança afastando os usuários do transporte público. Em média, são registrados pelo menos três ataques por mês no Rio de Janeiro e 98% dos casos acontecem na Região Metropolitana.

“De 2016 até 2024 foram registrados 305 ataques criminosos, com o custo de reposição estimado em R$ 244 milhões. Em seis meses, cada ônibus deixa de transportar 70 mil pessoas. Indiretamente esse valor vai para tarifa porque é um prejuízo da operação e o custo operacional aumenta. Fora que um ônibus não é algo que você pega na prateleira, a reposição não é simples e as pessoas vão sofrer com a falta desse ônibus naquela linha”, frisou.

Por região, foram 114 ônibus afetados na capital, 73 em Caxias e Magé, 65 em Nova Iguaçu e mais oito municípios, além de 15 em Niterói e mais quatro municípios.

“Os dados apresentados conspiram contra a questão da própria mobilidade urbana porque quando você utiliza meios de deslocamento de massa, você, na verdade, está reduzindo a necessidade de utilização de automóveis. Se a pessoa se sente insegura, ela vai voltar para o carro. Isso vai contra os desafios planetários da mobilidade urbana sustentável. A segurança pública afeta também a sobrevivência das empresas e algo precisa ser feito urgentemente. Quando falamos em segurança, isso tem uma relação direta com os custos das operações. São escoltas, seguranças privadas, vigilância e demais sistemas de prevenção de perdas que se fazem necessários para mitigar os riscos envolvidos”, concluiu o coordenador da Comissão Especial de Logística do CRA-RJ, Julio Cesar Loureiro.

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