Câmara de Infraestrutura e Logística debate mudanças no transporte de cargas com início da operação BRT TransBrasil

Com início da operação prevista para janeiro de 2024, o BRT TransBrasil prevê a circulação de 250 mil passageiros até 2030. Porém, há uma preocupação com o transporte de cargas no estado com a restrição de circulação. Para abordar o tema e esclarecer alguns pontos, a Câmara de Infraestrutura e Logística realizou, nesta terça (05/12), uma reunião com representantes da Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro (CET-Rio). De acordo com Joaquim Dinis, presidente da CET-Rio, a operação deve ser iniciada de forma parcial na primeira quinzena de janeiro.

"Teremos duas faixas seletivas destinadas ao transporte coletivo nos dois sentidos. Haverá a proibição de circulação de caminhões na pista central porque só sobrarão duas faixas para a circulação geral e qualquer acidente com veículos de maior porte comprometeria o fluxo da Av. Brasil", afirmou Dinis.

Segundo ele, a circulação de caminhões na pista central da AV. Brasil só será liberada das 22h até 04h da manhã, sete dias por semana. Já a pista lateral ficará interditada nos horários de maior concentração de veículos. "A pista lateral não tem como absorver todo esse fluxo, então a ideia é ter a proibição de circulação de caminhões nos horários de pico. No sentido Centro, a pista lateral terá restrição na parte da manhã das 05h às 09h e na Dutra e na parte da tarde a restrição será das 16h às 20h, no sentido Zona Oeste da Avenida Brasil", detalhou.

O assessor da Presidência na Federação do Transporte de Cargas do Estado do Rio de Janeiro (Fetranscarga), Sergio Vianna, demonstrou preocupação com a restrição por conta das atividades do Porto.

“Vejo um colapso no Porto do Rio com essas restrições. Temos mais de mil caminhões circulando para atender ao Porto e eles não circulam nesse horário das 22h às 04h devido à insegurança e alto índice de roubo de cargas no estado", frisou.

Já o assessor especial da presidência da Fercomércio, Delmo Pinho, levantou a questão de comprometimento das cargas que abastecem o comércio e o impacto financeiro disso.

"Os caminhões que vão para o Porto do Rio são apenas uma parte da demanda. Os maiores usuários são os caminhões de serviços e indústrias, e a Avenida Brasil é a única via de fato. Sendo assim, a distribuição e alimentação de produtos vão ficar comprometidos, porque a maioria dos centros de distribuições ficam na Dutra e Whashington Luiz. Isso terá grande impacto, além de peso econômico nos empregos. Que horas vão conseguir levar os produtos para mercados e lojas de material de construção? Isso vai criar uma sobrecarga no sistema e na circulação viária. Precisa ser muito bem avisado e comunicado para o comércio", salientou Delmo.

Dinis reforçou que a prioridade para a prefeitura é o transporte de passageiro, mas que irão fazer diversas reuniões de alinhamento antes dessas medidas entrarem em vigor.

"Nossa grande aposta é que o transporte por ônibus ganhe em velocidade de trajeto aumentando a utilização desses modais. Toda essa comunicação vai ser feita pela Prefeitura de forma integrada e, a partir de agora, vamos intensificar a divulgação para ninguém ser pego de surpresa. Vamos usar a experiência que tivemos com as Olimpíadas em que houve restrição também", concluiu o presidente da CET-Rio.

O encontro pode ser assistido na íntegra no Canal do Fórum da Alerj no Youtube.