ABDAN apresenta Investimentos em atividades nucleares que podem impactar positivamente economia do estado

As oportunidades da energia nuclear para o Rio de Janeiro foram debatidas nesta quinta (16/11), durante um painel promovido pelo Fórum de Desenvolvimento da Alerj, por meio da Câmara Setorial de Energia. De acordo com dados de um estudo apresentado pelo presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, os benefícios socioeconômicos das atividades nucleares no país, teriam efeito multiplicador nos investimentos, que impactariam desde o PIB do estado até a geração de empregos e renda.

“Quando falamos de PIB, a cada um bilhão investido, o retorno é de 2 bilhões, sendo que 80% desse valor fica para o Rio de Janeiro, onde estão instaladas as usinas nucleares. Estamos falando de 22,5 mil empregos que podem ser gerados no Brasil, sendo 75% deles aqui no estado. É uma cadeia produtiva pujante, com números que não podem ser desprezados, frisou Celso Cunha.

Ainda segundo ele, a conclusão da Usina de Angra 3, que teve suas obras paralisadas, irá consumir mais R$20 milhões para ser concluída, incluindo o comissionamento e a primeira carga da usina.

Além da geração de energia, Celso destacou as oportunidades para o país no campo da medicina nuclear, irradiação de alimentos e equipamentos, ainda pouco explorados por aqui.

“Estamos muito atrasados. Se a gente olhar par a Argentina, veremos que ela tem uma população quatro vezes menor do que a do Brasil e faz cinco vezes mais atendimentos e procedimentos. Outro grande problema é que a medicina nuclear está muito centralizada na região sudeste no país, com praticamente nada na região norte e centro-oeste, o que significa que tem muitos brasileiros desassistidos”, complementou.

Os estudos mostram que até 2036 a medicina nuclear terá um faturamento de R$3,1 bilhões, com 3,8 milhões de procedimentos, principalmente, voltados para o tratamento de câncer, e irá gerar 8 mil empregos diretos.

Urânio

Projeta-se que a demanda global de urânio até 2035 seja de 109 mil toneladas. Para Celso, trata-se de uma grande oportunidade para o país, já que conta com 5% das reservas mundiais - o equivalente a 277 mil toneladas.

“Ainda assim, o Brasil importa urânio para produzir combustível para as usinas de Angra 1 e Angra 2. Nesse cenário, a conclusão da construção de Angra 3 permitirá a produção do combustível para todas as usinas nucleares brasileiras, com as reservas nacionais de urânio. Para tanto, será ativada a mina de Santa Quitéria, no Ceará, com foco na extração de fosfato. Essa mina também se dedica ao urânio com um quantitativo suficiente para atender às demandas atuais. O setor nuclear é o menos poluidor ao se considerar a cadeia produtiva como um todo” detalhou.

Sobre a construção da usina de Angra 3, Celso Cunha apontou que 64% das obras estão prontas e 98% dos equipamentos já foram entregues.

“O custo para terminá-la é menor do que o para desativá-la. Além disso, a tecnologia utilizada em Angra 3 é a mesma que a aplicada mundialmente, a TWR que utiliza a água como moderadora do aquecimento dos reatores, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está concluindo os estudos para definir a tarifa de energia”, afirmou Celso.

Entre as vantagens do uso de energia nuclear, Celso destacou a relação à emissão de carbono, já que o setor nuclear gera 0,01%, parcela oriunda de atividades secundárias da cadeia produtiva.

O professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Antonio Lima, parabenizou a apresentação de Celso Cunha.

“O ponto mais importante apresentado é a centralidade da energia nuclear para a economia do estado do Rio de Janeiro. A ampliação dessa fonte de energia levanta o risco de o Rio perder capacidade competitiva frente a outros estados do país, sendo preciso se atentar ao desenvolvimento do setor na região fluminense”, disse.

Ao final do encontro, Celso convidou os presentes a participarem do Nuclear Summit, um evento de tendências tecnológicas e políticas que ocorrerá na sede do Sebrae, em abril de 2024.

A apresentação completa pode ser conferida no Canal do Fórum no Youtube