A Câmara de Desenvolvimento Sustentável realizou nesta quarta (21/06) a segunda parte do painel que abordou o panorama dos resíduos sólidos no estado. O encontro trouxe as visões das cooperativas e dos catadores, e contou com a participação do assessor de Relações Institucionais e Governamentais da Presidência da Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Rio de Janeiro (OCB/Sescoop), Niury de Faria, e da catadora de materiais recicláveis, Evelin Irajá. Para assistir na íntegra, clique aqui.
De acordo com Niury, o Rio de Janeiro conta com 426 cooperativas com mais de 500 mil cooperados, porém as cooperativas de reciclagem encontram-se afastadas do Sindicato neste momento. “Temos alguns contextos temporais. Quando há alguma mudança grande de legislação, que gera demanda de criação de cooperativas de reciclagem, a gente recebe uma enxurrada de adesões que geram cuidados com cooperativas de fachada. Às vezes, um grande gerador simula cooperar com os agentes da coleta, mas com uma relação patrão-empregado, que é o oposto do princípio do cooperativismo em que todo mundo é dono”, exemplificou.
Ainda segundo Niury, para conter esses casos, o OCB/Sescoop vem estruturando um plano mais encorpado para frear esses desvios. No momento, eles vêm trabalhando com um estudo de caso de uma cooperativa da Região dos Lagos criada para atender as demandas das prefeituras locais.
“A gente tem fomentado a criação de uma cooperativa que já vai nascer atendendo todos os requisitos legais e entregando soluções para a sociedade. Estamos estruturando um plano de valores agregados e em busca de parceiros que façam isso acontecer. Temos a possibilidade de transformar embalagens PETS em brita e poder vender para as próprias prefeituras, por exemplo. A ideia é ter uma cadeia produtiva toda interligada desde a concepção da cooperativa até a venda do produto”, detalhou.
Já Evelin, que é presidente da cooperativa Coopfuturo, destacou as dificuldades enfrentadas pelas cooperativas. “O Rio de Janeiro é um local muito bem-visto e com essa vocação para as questões de sustentabilidade, porém, na prática é retrógrada nesse tema. Nossos números são irrisórios. Temos um grande potencial para conseguir destinar um número maior de material reciclável, porém, hoje, mais de 80% de todo o volume produzido de resíduos sólidos vão para aterros sanitários e de fato só reciclamos menos de 3%”, frisou.
A catadora ainda frisou que o trabalho do catador não é valorizado pela sociedade e solicitou mais apoio do governo. “Desde janeiro temos tido queda nos números de resíduos reciclados. Só na Coopfuturo são 38 famílias que sobrevivem desse trabalho, mas somos 22 cooperativas no Rio de Janeiro. Precisamos de recursos públicos para os catadores e dignidade para trabalhar. Para ganhar cem reais com a logística reversa você tem que vender uma tonelada de resíduos, mas paga 89 em taxas como contador, emissão de notas e DARF. Não tem como as cooperativas se manterem assim”, salientou.
Os membros da Câmara de Desenvolvimento Sustentável irão trabalhar agora numa lista de prioridades sobre a questão dos resíduos sólidos com propostas de articulações entre o parlamento estadual e o Comitê Interministerial para Inclusão dos Catadores, recém-criado pelo Decreto nº 7.405/10.
Clique aqui para assistir o painel anterior realizado no dia 25 de maio.