Fórum realiza Semana Lixo Zero na Alerj pelo sétimo ano consecutivo

O Brasil produz 82 milhões de toneladas de lixo por ano e só recicla duas a cada 100 toneladas produzidas. O dado revelado pelo do Plano Nacional de Resíduos Sólidos leva a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) a participar da Semana do Lixo Zero pelo sétimo ano consecutivo, em 2022. O mais importante evento sobre gestão de resíduos promovido no país foi transmitido ao vivo pelo canal do Fórum de Desenvolvimento Estratégico do Estado, e mediado pela secretária-executiva da instituição, Geiza Rocha. O evento, realizado nesta segunda-feira (24/10), pode ser assistido clicando aqui.

“É um movimento partilhado pelo mundo inteiro em que podemos difundir as boas práticas voltadas à questão da redução e da destinação correta dos resíduos sólidos ressaltando a responsabilidade que cada um de nós tem com a sustentabilidade”, avalia Geiza Rocha.

Projetos de tratamento térmico do lixo orgânico e de rejeitos podem gerar energia elétrica para 27 milhões de residências, segundo a Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos, por isso Rodrigo Oliveira, consultor e embaixador da Lixo Zero no Rio de Janeiro ressalta a importância de engajar a sociedade civil no debate sobre consumo e a produção de resíduos. “Um dos princípios da Semana do Lixo Zero é desviar os resíduos do aterro sanitário. Por muito tempo as pessoas foram ensinadas que o único descarte possível dos resíduos é por meio dos aterros sanitários, por isso a gente estimula a sociedade civil a organizar eventos e discutir o tema. Quem quiser participar é só nos procurar nas redes sociais”, explica Oliveira.

Resíduos orgânicos, como restos de alimentos, representam 50% dos resíduos urbanos no Brasil, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. Cláudio Capeche, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) destaca que a compostagem, conjunto de técnicas de reciclagem deste tipo de resíduo, é uma solução ambientalmente sustentável e socialmente relevante, já que pode contribuir na produção de alimentos a baixo custo. “A gestão dos resíduos orgânicos precisa ser feita de maneira adequada para que os nutrientes voltem ao solo. Toda a cadeia produtiva precisa ser pensada para reduzir ao máximo o desperdício de alimentos, pensando também na reutilização dos resíduos gerados”, pondera Capeche.

A Ciclo Orgânico, um negócio social de coleta e compostagem de resíduos orgânicos, que atende a mais de 7 mil residências e recebeu o Prêmio Iniciativa Jovem, da Shell, em 2015, pretende expandir a solução sustentável por todo o município do Rio. Além de coletar o lixo orgânico residencial, a empresa fornece, em troca, fertilizantes possíveis de serem usados em pequenas hortas urbanas. Nestes sete anos, o empreendimento já produziu duas mil toneladas de adubo orgânico. “As pessoas geram o lixo e não tem noção do impacto. Aqui, nós fazemos relatórios mensais do impacto positivo que cada pessoa está causando por meio da compostagem. Ao fazer isso, a gente reforça o senso de coletividade”, destaca Débora Valadares, uma das sócias da iniciativa.

O projeto Lixo Zero também chegou à Educação fluminense: a iniciativa foi implementada em 50 escolas da rede estadual que estão sendo transformadas em “E-Tecs” (Escolas de Novas Tecnologias e Oportunidades). Todas as unidades adotam o conceito de sustentabilidade, equipadas com painéis solares, horta comunitária, composteira, sistema de reúso de água e coleta seletiva do lixo. O projeto também é incorporado ao conteúdo pedagógico em sala de aula. “Os professores levam o projeto para a sua área de conhecimento específico, pode ser por exemplo, um texto em inglês conscientizando sobre o manejo do lixo, a integração com as disciplinas de ciências. Além de beneficiar as famílias de catadores da comunidade escolar que estão sendo beneficiadas” , explica Rodrigo Oliveira.