Os aprendizados e as demandas dos negócios de impacto que receberam apoio de instituições dinamizadoras em suas jornadas foram tema de mais uma edição da roda de conversa Mulheres que Impactam, realizada nesta quinta (27/10), e transmitida ao vivo pelo Canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico no Youtube. A gestão financeira é apontada como um dos principais desafios desse modelo de empreendimento.
De salgadinhos fritos vendidos na praça até a comercialização de pratos da culinária saudável, Monique Ximenes passou por muita capacitação. Sua empresa, a Coma Fit, faz parte da Asplande, que atende prioritariamente mulheres empreendedoras, moradoras de favelas e periferias da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
“O Coma Fit surgiu de uma necessidade financeira e de saúde minha. Ao me deparar com um curso de comida funcional, imaginei que tinha muita gente com restrições alimentares, assim como eu, e passei a vender também comida saudável”, conta Monique.
A atuação em rede permitiu com que Monique acessasse novos mercados como o Rock in Rio, quando apresentou o seu “Biquinho de Frango”, bolinho de grão de bico com recheio de frango e cream cheese. A iguaria foi criada especialmente para o festival. O Espaço Favela, palco especial do Rock in Rio, recebeu não apenas os talentos musicais, mas também 21 empreendedores de comunidades selecionados pelo Sebrae-RJ que tiveram seus produtos vendidos nos seus três bares.
“Para ficar apta a participar de grandes eventos, participei do curso de capacitação promovido pelo Sebrae e também por toda parte de legalização da empresa. Na época eu só tinha o MEI, mas não tinha licença sanitária, por exemplo. Eu também não tinha no meu cardápio nenhuma receita autoral minha e tive o desafio de criar um salgado para participar da seleção. Foi uma experiência maravilhosa, nunca pensei em poder estar ali com uma criação minha”, fala orgulhosa.
Entre as principais dificuldades enfrentadas ao empreender, Monique destaca a parte de gestão do negócio como a mais desafiadora.
“Meu tendão de Aquiles é a parte financeira. Os cursos e mentorias já me ajudaram muito, mas lidar com a burocracia ainda é difícil. Porém, as capacitações que eu tive abriram a minha mente para a necessidade de aprender e entender sobre o meu negócio”, frisa.
A visão da gestão financeira também é compartilhada pela bióloga Maria Clara Nunes que está à frente da Energia da Terra (@somosenergiadaterra). O negócio começou com a venda de produtos agroecológicos e vem se transformando também em prestador de serviços como consultoria em hortas e pomar, além de focar nas Abelhas Nativas Sem Ferrão do Brasil, apreciadas por seus méis e própolis com propriedades únicas.
Atualmente a empresa faz parte do Programa Natureza Empreendedora, da Fundação Grupo Boticário. A iniciativa busca fortalecer e dar visibilidade a negócios que contribuam com a conservação da biodiversidade para terem seus processos amadurecidos em capacitações e mentorias gratuitas.
“Eu entrei na Energia da Terra acreditando no propósito que ela tinha. A questão das abelhas sem ferrão, a conexão com as plantas, tudo me encantou. A participação no Natureza Empreendedora nos ajudou a migrar para um novo modelo de negócios e nos fez perceber a importância de o empreendedor entender também de gestão”, acredita.
Para Maria Clara, a aceleração trouxe amadurecimento para o seu negócio de impacto socioambiental.
“O programa traz uma segurança maior para nós, empreendedores, deixando o nosso negócio mais profissional. Ajuda a seguir o nosso propósito com mais foco. Ainda estamos nesse processo, solidificando uma coisa mais inovadora que agrega as abelhas sem ferrão”, pontua.
A Roda de Conversa faz parte da agenda do movimento Rio de Impacto e foi proposta pela Asplande, que coordena a incubadora de negócios sociais Impacta Mulher, junto com a Rede Cooperativa de Mulheres Empreendedoras agora também conta com o apoio do Movimento Viva Água, liderado pela Fundação Grupo Boticário.