Rio de Impacto debate oportunidades de negócios de impacto para cooperativas

Os negócios de impacto têm como missão gerar benefícios sociais e ambientais ao mesmo tempo em que trazem resultados financeiros positivos. Eles podem ter diferentes formatos legais como associações, fundações, empresas, além das cooperativas, contempladas pela Política Estadual de Investimentos e Negócios de Impacto Social, aprovada pela Alerj (Lei nº 8.571/2019). Para aproximar os cooperados desse modelo de negócios, o Movimento Rio de Impacto organizou no dia 29 de setembro, na sede da OCB Sescoop, um painel em que foram apresentados o cenário dos empreendimentos de impacto no estado e as oportunidades. 

O seminário também abordou a importância da criação de redes para o desenvolvimento do ecossistema de negócios de impacto fluminense. A professora do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET), Inessa Salomão, detalhou a construção do Observatório dos Negócios de Impactos do Rio de Janeiro, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e liderado pelo ITES/Cefet. O projeto está mapeando os atores que estruturam esse modelo de negócios no estado, contribuindo para a consolidação do ecossistema do setor com a criação de uma plataforma digital.

“Queremos que aquelas cooperativas que se reconheçam nesse conceito de negócio de impacto entre em contato conosco para que a gente possa entender, do ponto de vista do estado do Rio de Janeiro, o que está acontecendo e o que podemos propor de políticas públicas. Queremos também melhorar as relações entre os atores e fazer com que esse ecossistema se fortaleça e se desenvolva”, explicou Inessa que coordena o Observatório.

O papel do Sebrae no fortalecimento dos Negócios de Impacto foi pontuado pela coordenadora do Sebrae-RJ, Carla Panisset. De acordo com ela, a atuação do Sebrae com os negócios de impacto social tem total aderência à sua missão de contribuir para o desenvolvimento sustentável a partir do fortalecimento das micro e pequenas empresas.

“O Sebrae concentra esforços para estimular e apoiar empreendedores que buscam responder problemas concretos do país no ambiente empresarial. Recentemente lançamos mais uma edição do edital “Impacta”, em que foram selecionadas 40 iniciativas já formalizadas para receber mentoria e consultoria, visando a melhoria da gestão para alavancar os resultados. Também participamos do Programa Natureza Empreendedora, da Fundação Grupo Boticário, voltado para a solução de problemas da Baía de Guanabara e do seu entorno. Fazemos um trabalho de pré-aceleração melhorando o modelo de negócio”, citou.

Durante a reunião, empreendedores de impacto apresentaram seus negócios e contaram um pouco sobre suas trajetórias. Lucas Chiabi, da Ciclo Orgânico, foi um deles. Fundador da primeira empresa de coleta e compostagem de resíduos orgânicos residenciais do Brasil, quando ainda estava na faculdade de engenharia, Lucas quando era criança sonhava em ser motorista de caminhão de lixo.

“Quando criei o Ciclo Orgânico queria desconstruir a mágica do lixo porque a gente não vê para onde vai o lixo, nem a quantidade do que geramos, e esse lixo vai para algum lugar. A estimativa é que uma pessoa produza, em média, 1,3 kg de lixo por dia, sendo metade dele de matéria orgânica. O ponto-chave estava na compostagem”, afirma ele, que hoje atende mais de 4 mil famílias em mais de 25 bairros do Rio e já tirou dos aterros sanitários mais de 3 mil toneladas de resíduos orgânicos.

Outra empreendedora a se apresentar foi Joelma Alcântara, da Jojô Serviços, negócio de impacto do Complexo do Alemão que oferece prestação de serviços que facilita a vida de moradores da região e adjacências. A empresa resolve pendências do seguro desemprego, faz agendamento de documentos como RG, CPF, título de eleitor, além de fazer a ponte entre empregadores e candidatos às vagas de emprego, aproveitando a experiência de Joelma na área de recursos humanos.

“No início algumas pessoas vinham em busca de serviços que eu ainda não ofertava. Eu dizia para voltarem em sete dias e nesse meio tempo eu estudava sobre aquele serviço ou ia em busca de algum parceiro que pudesse atender. Hoje, oferecemos mais de 30 tipos de serviço e temos parcerias com advogado, contador, para solucionar as questões de quem vem em busca de auxílio”, disse ela.

Ao final do encontro o Superintendente do Sescoop/RJ, Abdul Nasser, parabenizou as apresentações dos empreendedores de impacto.

“Os empreendedores conseguem mudar realidades quando ninguém acredita. Parabéns pelas iniciativas e esperamos que os presidentes de cooperativas possam se inspirar com esses casos de sucesso”, finalizou.