Arroz anã: tesouro descoberto na Região Serrana do estado do Rio é tema do Rio em Foco

O arroz anã, espécie de arroz produzida na localidade de Porto Marinho, situada no município de Cantagalo, tem potencial de se tornar um produto reconhecido com o certificado do Índice de Indicação Geográfica (IG), selo emitido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), comprovando que a origem do produto lhe confere características especiais. No Rio em Foco desta segunda-feira (04/07), a Chef Embaixadora do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-RJ), Teresa Corção, e o Chefe da Divisão de Política, Produção e Desenvolvimento Agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Celso Merola, explicam como as qualidades singulares desse cereal podem incorporá-lo ao roteiro turístico e gastronômico do país.

O registro de Indicação Geográfica vai valorizar o arroz anã, que é considerado uma joia da culinária local. Com os grãos um pouco menores que o arroz-agulhinha, mais consumido no Brasil, o arroz anã é adaptável a todas as receitas comuns de arroz. “Essa espécie é mais perfumada e com uma textura mais macia que as outras, quando ele esfria, não fica duro, tanto que uma das receitas que desenvolvemos no Senac é a salada de arroz anã”, explica Teresa Corção.

Desde 2018, o Sebrae vem trabalhando junto a diversas instituições e produtores locais para a obtenção do selo de Indicação Geográfica do arroz anã. Segundo a analista do Sebrae Rio Raquel Stumm, em junho deste ano, foi retomado o trabalho das diferentes etapas exigidas para a conquista da IG.

"Nos vamos trabalhar a questão do associativismo, que é um trabalho fundamental porque todo o processo da IG depende do coletivo. Será identificado a questão da marca, do selo distintivo, da associação, as especificações e o que os produtores precisam fazer para obter o selo até chegar no Inpi e ser chancelado por eles", detalha.

O arroz anã é resultado do empenho da comunidade agrícola de Porto Marinho para superar as perdas geradas pelo processo conhecido como “acamamento”, que é o desenvolvimento excessivo da altura da planta, levando ao arqueamento do caule. Celso Merola explica que, por ser menor, a espécie é menos sujeita ao problema e, portanto, mais adaptada ao cultivo em terras altas. “A variedade anã é semelhante ao arroz proveniente das Filipinas, que foi guardado pelos produtores, numa tradição muito importante da agricultura que é cuidar das sementes”, esclarece Merola.

O aumento da demanda pelo arroz anã ajuda a trazer mais investimentos, mas preocupa a comunidade local pelo encarecimento do grão, que é fundamental para a segurança alimentar da população de Cantagalo. Para garantir que os habitantes da região continuem tendo acesso ao produto, a prefeitura fechou um acordo que vai garantir que a maior parte da safra seja dirigida para a incorporação na merenda escolar. “A prefeitura vai comprar 17 toneladas do arroz por ano, que vai direto para as crianças por meio do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), que é muito importante para agricultura local”, avalia Teresa Corção.

Festa da colheita promove o arroz anã

Em maio deste ano de 2022, o distrito de Porto Marinho sediou a Festa da Colheita do Arroz Anã. O Senac RJ, em parceria com a prefeitura, preparou uma programação com oficinas e aulas-show que abordaram a importância do arroz para a alimentação local e seu potencial para a gastronomia. O evento também marcou o lançamento do livro “Muito prazer, Arroz Anã”, que reúne mais de 60 receitas para serem feitas com o grão.

Teresa Corção explicou também que durante o festival foram realizadas aulas dirigidas para as merendeiras, aulas abertas para a população de Cantagalo com participação dos donos de restaurantes, donos de pousadas e uma aula-show em Porto Marinho em que os agricultores vieram com as suas famílias e cada um ganhou um exemplar desse livro.

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET) com reprises no sábado (09/07), às 17h, e domingo (10/07), às 20h. A partir de terça-feira (05/07) o programa fica disponível no canal do YouTube do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio e no podcast Quero Discutir o Meu Estado, disponível nas principais plataformas de streaming.