Rio em Foco: mercado náutico cresce com a pandemia e apresenta uma série de oportunidades para o estado

A pandemia abriu uma cadeia de oportunidades para o turismo náutico no estado do Rio e que até então era pouco explorado. A demanda por passeios náuticos nesse período, fez com que a produção de barcos crescesse 25% em 2021, chegando a um faturamento de aproximadamente 2 bilhões de reais. O potencial do setor e as ações necessárias para que essa indústria continue se desenvolvendo são debatidas no Rio em Foco desta segunda-feira (06/06) que recebe a presidente da BR Marinas, Gabriela Marins, o presidente da Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e Implementos, Eduardo Colunna, e o gerente de grandes empreendimentos do Sebrae/RJ, Renato Regazzi.

De acordo com o presidente da Acobar, o Brasil ainda não tem uma cultura náutica difundida e madura como nos EUA e Europa, por exemplo. Mas evoluiu muito nos últimos 10 anos com bons fabricantes nacionais e com patamar de alta qualidade.

“A pandemia fez com que o público entendesse o barco como uma forma de lazer no isolamento e essa procura está se mantendo com novos consumidores interessados. Somente no último ano foram produzidos 3500 novos barcos que geraram seis mil empregos diretos e 30 mil indiretos”, detalha Eduardo que projeta um crescimento de 25% para o setor em 2022.

A procura pelos passeios de barco foi tão grande que foi preciso estruturar a atividade turística.

“As pessoas querem estar mais ao livre e essa é uma tendência que veio para ficar. Foi preciso juntar as marinas, clubes náuticos, capitania dos portos e guarda costeira municipal para criar regras ambientais e de segurança e dar treinamento”, conta Gabriela.

O trabalho também resultou na criação do site www.vistaparaorio.com.br, que oferece serviço de locação de embarcações para passeios e confraternizações.

Porém, para que esse mercado possa se consolidar, Gabriela destaca que é preciso desenvolver uma mão de obra qualificada.

“Temos de juntar as instituições que investem em capacitação para trabalhar no setor. Tem uma gama de atividades que precisam ser aprimoradas e falta mão de obra qualificada desde marinheiros, passando por mecânicos, até para servir dentro dessas embarcações. Precisamos também pensar na construção de roteiros turísticos, criando estruturas náuticas mais fáceis para tornar isso possível, como a ideia de ter rampas públicas para barcos”, salienta.

Estudo Sebrae

No programa, o gerente de Grandes Empreendimentos do Sebrae/RJ, Renato Regazzi, também aborda o estudo lançado pelo Sebrae em 2021 sobre as oportunidades no mercado náutico da Costa Verde. A publicação Economia do Mar - Mapeamento de Oportunidades do Polo do Mar da Baía de Ilha Grande Identificando os Potenciais e os Desafios do Setor Náutico, aponta a integração entre diferentes atores para a promoção e o adensamento dessa cadeia produtiva.

“A região da Baía de Ilha Grande tem o maior registro de embarcações náuticas do país. Municípios como Paraty, Angra dos Reis e Ilha Grande reúnem um grande número de marinas. A Infraestrutura náutica que existe nessas regiões, somadas às belezas, é um grande atrativo que, junto com o turismo, pode incentivar essa cadeia de fornecedores. O Sebrae vem trabalhando no desenvolvimento de empresas locais para que o setor tenha alto valor agregado. O adensamento da cadeia produtiva é a saída para o desenvolvimento da economia do estado”, frisa Regazzi.

Para Gabriela, a Costa Verde tem capacidade de ser um polo náutico incrível, mas para que isso aconteça, ela reforça a necessidade de mão de obra e também a redução da alíquota de ICMS para que os pequenos estaleiros tenham benefícios ofertados por outros estados como São Paulo e Santa Catarina.

No estado do Rio foi aprovado pela Alerj a Lei 9.526/2019, que cria o regime diferenciado de tributação para o setor, porém, o Governo do estado ainda precisa regulamentá-la.

“O Rio de Janeiro foi pioneiro na redução da alíquota de ICMS para o setor, o que permitiu o que nenhum outro estado tinha: 72 empresas firmadas aqui mas que migraram para outros locais depois da suspensão desses benefícios fiscais. Nossos empregos se perderam, mas ainda está em tempo de revertermos isso. A volta da redução do ICMS pode nos ajudar a recuperar nossa posição”, concluiu.

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET) com reprises no sábado (11/06), às 17h, e domingo (12/06), às 20h. A partir de terça-feira (07/06) o programa fica disponível no canal do YouTube do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio e no podcast Quero Discutir o Meu Estado, disponível nas principais plataformas de streaming.