Rio em Foco apresenta oportunidades e desafios da cadeia de energia eólica offshore no estado

Quando o assunto é energia eólica offshore, o Rio de Janeiro se apresenta como o terceiro local mais propício do país para desenvolver essa nova matriz energética. De acordo com o governo do estado, atualmente, existem nove projetos sendo desenvolvidos, o que equivale a um quarto de todo o investimento nacional no setor. As potencialidades do estado e os desafios da geração de energia eólicas offshore foram debatidos no programa Rio em Foco desta segunda-feira (30/05) que recebe o superintendente adjunto da Diretoria de Estudos Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Gustavo Pires da Ponte, e o diretor de Relações Institucionais da Prumo Logística, Eduardo Kantz.

“O Rio de Janeiro está no top três dos melhores lugares para o desenvolvimento da energia eólica no Brasil, principalmente na região de Arraial do Cabo e de São Francisco de Itabapoana. Já são nove projetos licenciados pelo IBAMA e juntos eles apresentam uma potência de quase 28 gigawatts”, explica o subsecretário de Óleo, Gás e Energia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais, Daniel Lamassa.

Entre as vantagens competitivas do estado, os especialistas destacam a estrutura já existente proveniente da cadeia de petróleo e gás, a questão portuária e a proximidade com centros importantes de consumo como São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo.

“A região Sudeste apresenta boas características para aproveitar a energia dos ventos em alto mar para produzir energia elétrica e ainda tem o benefício de estar próxima aos grandes centros de carga. Com isso, conseguimos baixar os custos da operação e tirar proveito da geração quando ela se tornar competitiva, aumentando assim a nossa diversidade de fontes da matriz energética”, enfatiza Gustavo.

No caso de países em que essa agenda está mais avançada, Eduardo Kantz explica que a estrutura preexistente tem sido decisiva para ajudar a redução de custos tanto na fase de instalação quanto na de operação, um dos grandes entraves atuais da geração de energia eólica offshore. 

“Temos no Porto de Açu um diferencial de competitividade para essa indústria, com uma grande estrutura que permite receber navios de grandes portes. O Rio tem vocação para sair na frente e desenvolver o primeiro projeto de energia eólica offshore do Brasil. Temos a oportunidade de sermos protagonistas também na atração de toda a cadeia logística necessária para apoiar esse tipo de projeto com a estrutura existente do Oil & Gas, na montagem dos equipamentos necessários para os projetos de parques eólicos”, frisa.

Apesar dos custos de implantação de projetos de energia eólica offshore ainda serem altos, eles vêm diminuindo significativamente. Além disso, os especialistas também apontam a regulação do ambiente de negócios como outro obstáculo a ser enfrentado.

“O passo inicial é colocar o tema na agenda de ambiente de negócios para que possamos discutir uma política estadual de incentivo à energia eólica offshore com foco na atração da cadeia de valor para esse tipo de empreendimento”, observa Kantz.

Ainda de acordo com Gustavo Ponte, já existe um Decreto Federal (10.946/22) que dispõe sobre a cessão de espaços físicos e o aproveitamento de recursos naturais para geração elétrica offshore, além de um projeto de lei que tramita no Congresso Nacional (576/2021) para regular a produção de energia em alto-mar, mas os estados também precisam fazer o seu dever de casa.

“A regulamentação traz segurança jurídica para os investidores já que são projetos de longo prazo. Outro ponto que vemos nas discussões internacionais é o engajamento necessário de todos os atores que participam dessa cadeia. A gente está falando de comunidades de pescadores, de toda a população que vive próxima à usina offshore. Com a regulamentação que está sendo construída, vamos ter normas complementares e várias empresas se movimentando e apresentando projetos. É o momento certo para que todos identifiquem as oportunidades, mas também proponham ações para que consigamos trilhar esse caminho e os de forma segura, minimizando os riscos”, salientou.

Tanto Ponte quanto Kantz apontam serem necessárias uma ampla organização e uma política de estado que defina esse debate como prioritário para que o Rio possa aproveitar a atual conjuntura.

“Pode parecer muito cedo, mas precisamos nos posicionar para termos condições de tirar do papel as vantagens que apontamos. Quanto antes pudermos construir o arcabouço legal para dar segurança a esses investimentos de maneira competitiva no âmbito estadual, dando conforto ao investidor para instalar suas bases logísticas no Rio, melhor. Nosso estado tem todas as condições de ser um exemplo de transição energética, mas precisamos agir”, conclui Kantz.

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET) com reprises no sábado (04/06), às 17h, e domingo (05/06), às 20h. A partir de terça-feira (31/05) o programa fica disponível no canal do YouTube do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio e no podcast Quero Discutir o Meu Estado, disponível nas principais plataformas de streaming.