A Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Faerj) lançou no fim de 2021 um estudo realizado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) para medir a contribuição da agricultura na economia fluminense entre os anos de 2017 a 2021. De acordo com a publicação, o Produto Interno Bruto (PIB) do setor avançou de R$ 27,86 bilhões em 2017, representando 4,15% da economia do estado, para R$ 32,5 bilhões em 2020, um aumento de mais de 16%. Em entrevista ao programa Rio em Foco desta segunda-feira (09/05) o presidente da Faerj, Rodolfo Tavares, apresenta os principais resultados do "PIB do Agronegócio Fluminense" e de que forma esses dados podem contribuir para a formulação de políticas públicas para o desenvolvimento do setor.
“Além desse estudo, estamos produzindo um outro material junto à Firjan e que está sendo executado pela Fundação Getúlio Vargas para que esse conjunto de informações sobre a cadeia produtiva do agronegócio sirva para a formulação de políticas públicas. Queremos apresentar essas propostas aos candidatos aos cargos legislativos e executivos, a fim de que consigamos uma trilha de progresso e desenvolvimento para o interior fluminense”, explica Rodolfo Tavares.
O presidente da Faerj destaca ainda o perfil industrial e de serviços do agronegócio fluminense e a mobilização da sociedade civil organizada na busca por soluções para os gargalos do setor, além de cobrar uma maior participação da atividade no orçamento público.
“O estado do Rio representa 0,5% do território nacional, então a produção agrícola do estado tem uma expressão reduzida se comparada à produção nacional. Porém, se comparada com o Espírito Santo, que tem um tamanho parecido, a diferença é brutal, como no caso da oferta de crédito rural, que lá é 12 vezes maior do que aqui. Esses números nos provocam a buscar superar os desafios, que vão desde a luta por uma maior participação política, retratada em orçamento público, até em questões como a manutenção das estradas vicinais, a prestação de um serviço mais amplo pela Emater-Rio e pelo conjunto da Secretaria de Agricultura, que incluem a defesa sanitária e o investimento em pesquisa com a Pesagro-Rio. Temos orçamentos exíguos para essa área”, observa.
Apesar dos entraves apontados, Rodolfo Tavares também cita uma série de avanços conquistados recentemente com o apoio do parlamento estadual, como no caso da aprovação da Lei nº 9.360/2021, que concede isenção de ICMS no fornecimento de energia elétrica para consumo por estabelecimento rural do Estado do Rio de Janeiro.
“As despesas com energia elétrica representam uma parcela significativa na composição de custos dos produtores rurais e impactam setores extremamente importantes como o da atividade leiteira. O imposto em muitos casos representava 32% do valor da conta de luz. Outro ponto positivo são as poucas exigências para se conseguir ter o imposto zerado, bastando ser um produtor rural legalizado”, esclarece.
Outra esperança vem do setor pesqueiro, com a desapropriação do estaleiro Caneco recentemente pelo governo do estado e o projeto de construção de um terminal pesqueiro no local.
“O caminho está aberto para se ter representação com políticos que entendam que não conseguiremos desenvolver o nosso estado sem trazer junto o interior. O Rio de Janeiro tem o 3º maior litoral do Brasil, temos no mar uma área maior do que o continente, e não tínhamos um terminal pesqueiro. A construção do terminal vai evitar que o resultado da atividade pesqueira do estado seja comercializado em Santa Catarina ou outro local porque não temos equipamento para esse pescado”, conclui.
O Rio em Foco é exibido às segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET) com reprises no sábado (14/05), às 17h, e domingo (15/05), às 20h. A partir de terça-feira (10/05) o programa fica disponível no canal do YouTube do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio e no podcast Quero Discutir o Meu Estado, disponível nas principais plataformas de streaming.