Governo do Estado avalia que energia eólica offshore pode trazer U$S 85 bilhões em investimentos

De acordo com o governo do estado, o Rio de Janeiro possui atualmente nove projetos voltados para energia eólica offshore sendo desenvolvidos, todos na fase de licenciamento ambiental, o equivalente a um quarto de todo o investimento nacional no setor. A informação foi divulgada durante painel sobre o tema organizado pela Câmara de Energia na terça-feira (19/04). “A principal área com potencial de geração de energia eólica vai de Arraial do Cabo até São Francisco de Itabapoana, totalizando 27 gigawatts. Temos 25% dos projetos de energia eólica offshore do país sendo desenvolvidos no Rio, com um potencial de atração de investimentos de US$85 bilhões. É um potencial gigantesco", avalia o superintendente de petróleo e indústria naval, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Sérgio Coelho. O painel pode ser assistido na íntegra clicando aqui.

Coelho destaca que as características do litoral fluminense oferecem vantagem competitiva ao estado para o desenvolvimento do parque eólico offshore. Segundo ele, o mundo inteiro enxerga o setor como fundamental para a diversificação sustentável da matriz energética. Além disso, o estado do Rio de Janeiro possui uma cadeia de serviços já consolidada para o ambiente offshore.

“Hoje, no mundo, existem 67 projetos comissionados voltados para energia eólica e outros 15 que serão comissionados (nos próximos anos). A potência destes 82 empreendimentos equivale (à capacidade instalada) de duas (usinas hidrelétricas) Itaipu. Estes empreendimentos possuem uma sinergia muito grande com a indústria naval, criando demandas específicas do setor eólico offshore. Nós estamos conversando muito com os principais players do setor para entender as demandas e antecipar as soluções para a implantação dos projetos”, ressalta Sérgio Coelho.

Os desafios para o desenvolvimento do setor eólico offshore passam pela regulação de um ambiente de negócios que além de estimular investimentos, reduza externalidades ambientais e favoreça a transição energética. Superintendente de desenvolvimento sustentável da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, João Pedro Leal destaca a importante interlocução com o senador Carlos Portinho, relator do projeto de lei que estabelece o marco das eólicas offshore. “É necessário que a gente entregue segurança jurídica, porque o setor eólico offshore demanda muito investimento. Nós estamos buscando as melhores práticas observadas no mundo sobre o tema”, observa.

Diretor de Relações Institucionais da Prumo Logística, Eduardo Kant revelou que a empresa pretende tornar o Porto do Açu, instalado em São João da Barra, uma plataforma de desenvolvimento de energia eólica offshore no Rio de Janeiro. “Um dos nossos objetivos estratégicos é acelerar o desenvolvimento de negócio focados na transição para a economia de baixo carbono. Por isso, demos início, em agosto do ano passado, ao processo de licenciamento ambiental do Complexo Eólico Marinho Ventos do Açu, um parque eólico com capacidade total de 2.1 GW, localizado a 20 quilômetros da costa do Rio de Janeiro”, detalha Kant.

Professor e pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF), Geraldo Tavares explicou que a iniciativa pública tem um papel fundamental para o fomento de soluções ancoradas em energias renováveis. “O Rio de Janeiro tem grande vocação para o desenvolvimento de oportunidades de negócio em energia eólica offshore. Talvez tenhamos mais vantagens competitivas que o Porto do Pecém, no Ceará, pela proximidade do Porto do Açu a áreas de exploração de petróleo”, analisa o pesquisador, que escreveu uma tese de doutorado sobre o tema.

Superintendente adjunto da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Gustavo Pires Ponte informou que o potencial brasileiro de geração de energia eólica offshore é de 700 GW, capacidade que, se desenvolvida, pode colocar o país entre os líderes mundiais no segmento. “Os custos para o desenvolvimento deste tipo de alternativa de geração de energia ainda são comparativamente caros, mas têm caído e nós podemos aprender com a experiência internacional. Buscamos o aumento da representatividade da energia eólica nos planos decenais de expansão de energia”, revela.

Coordenadora de licenciamento ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Roberta Cox relata que a autarquia está levantando dados sobre o tema com o objetivo de simplificar os estudos de impacto ambiental. “O Ibama vê com bons olhos a diversificação da matriz energética com uma alternativa de baixo carbono, mas como órgão licenciador precisamos verificar os impactos e garantir uma gestão ambiental adequada dos empreendimentos. Por isso, elaboramos um termo de referência padrão para as eólicas offshore com o objetivo de dar mais transparência e previsibilidade ao processo de licenciamento ambiental”, explica.