Projeto Mulheres que Impactam estreia abordando o papel do fomento nos negócios sociais

A primeira roda de conversa com mulheres empreendedoras de 2022 marca a nova fase do projeto que teve início durante a pandemia. A partir de agora, além de apresentar as mulheres que lideram os negócios de impacto no estado, o bate-papo passa a abordar também o papel das entidades apoiadoras no desenvolvimento desses empreendimentos. O novo formato, chamado “Mulheres que Impactam”, estreou nesta quinta-feira (31/03) e pode ser conferido na íntegra no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico no Youtube e pelo Facebook do Rio de Impacto.

Da preocupação com o lixo descartado na Baía de Guanabara surgiu o negócio de impacto criado pela engenheira ambiental Maria Fernanda Bastos. A Redinha (@minharedinha no Instagram) transforma redes de pescas que seriam jogadas fora em bolsas estilosas para serem usadas no dia a dia. O material é coletado de uma colônia de pescadores de Jurujuba, em Niterói, e é trabalhado manualmente por artesãs que fazem o corte, a lavagem e o acabamento em crochê.

“Hoje esses pescadores não descartam mais nenhuma rede e parte do lucro obtido com a venda das bolsas é revertido para essa colônia em Jururuba”, conta Maria Fernanda.

A Redinha impacta positivamente a vida de 12 pessoas. “Ensinamos as mulheres que estão conosco a fazerem crochê e isso permitiu que elas pudessem trabalhar de casa, muitas têm filhos, e assim complementam as suas rendas”, detalha.

O empreendimento que começou na pandemia ganhou o primeiro lugar no Prêmio Natureza Empreendedora da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Com execução técnica do Sebrae-Rio, o programa é uma iniciativa que busca fortalecer e dar visibilidade a negócios que contribuam com a conservação da biodiversidade nos 17 municípios da bacia hidrográfica da Baía de Guanabara. A iniciativa recebeu 80 inscritos e foram selecionados 15 negócios que tiveram seus processos amadurecidos em capacitações e mentorias gratuitas. Ao final, os três empreendimentos mais bem avaliados receberam uma premiação em dinheiro.

“Eu sou muito grata por ter passado por esse programa que transformou o meu sonho e me colocou nesse lugar de empresária. Ele me fez enxergar qual caminho trilhar e reforçou que eu não tinha um projeto, que meu negócio de impacto já era uma realidade”, frisou Maria Fernanda que no futuro quer expandir o empreendimento para outras colônias de pescadores.

Do desejo de trabalhar com moda, surgiu a Clichêe Acessórios (https://www.clicheeacessorios.com.br), uma marca de bijuterias, pensada para enaltecer e empoderar mulheres pretas, resgatando a ancestralidade.

“Eu queria trabalhar com moda, um mercado difícil para uma mulher preta e periférica como eu. Sempre fui artesã, mas percebi que não bastava desenhar e fazer as peças, que para ter sucesso era preciso me capacitar”, frisa a idealizadora Gisele Paixão Barthar.

Ela destaca que ao estudar sobre empreendedorismo e se conectar a outras redes foi possível se fortalecer e a levou a fazer um curso técnico de moda. Uma das conexões de Gisele foi a Asplande, que coordena a incubadora de negócios sociais Impacta Mulher, junto com a Rede Cooperativa de Mulheres Empreendedoras, fortalecendo negócios gerenciados por mulheres.

Do início nas feiras, Gisele passou também às vendas online e agora atinge outros mercados e consumidoras de outros estados, priorizando sempre a contratação de mulheres negras na prestação de serviços para a marca. Para quem está pensando em começar um novo empreendimento, Gisela é enfática ao afirmar que a capacitação é fundamental nesse processo.

“Se qualifiquem, busquem uma rede de apoio porque é muito difícil empreender sozinho e isso foi um divisor de águas para o meu negócio”, finaliza.