Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE apontam que apenas 20% dos profissionais do setor de tecnologia da informação são mulheres. Ainda de acordo com o levantamento, mesmo tendo um grau de instrução maior do que os homens, elas ganham 34% a menos. Os desafios de impulsionar e estimular a participação feminina no mercado de tecnologia é tema do Rio em Foco desta segunda-feira (21/03) que recebe a CEO do Hacking Rio e da ION Innovation, Lindália Junqueira.
“Estudos apontam que se não fizermos uma intervenção agora, levaremos 80 anos para atingir uma equidade no mercado de trabalho, por isso há a necessidade de implantarmos as cotas. É uma forma de corrigir esse quadro. Temos mulheres muito preparadas e precisamos delas nas empresas, nos cargos de liderança e também na vida pública”, afirma Lindália, que também é embaixadora da Women in Tech no Brasil, evento presente em mais de 100 países e que destaca as mulheres do setor de tecnologia.
Para enfrentar a disparidade de gênero no setor, Lindália aponta ser necessário inserir o tema da tecnologia desde cedo. “A gente precisa corrigir isso desde a infância, estimulando que as meninas brinquem em laboratórios, aproveitando essa geração maker e os games para abrir esse universo e pensar nas novas profissões que ainda vão surgir nesse mercado”, frisa.
Segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (ABRASCOM), se o cenário não mudar até 2024, o Brasil terá um déficit de aproximadamente 270 mil profissionais de TI, com perdas de mais de R$160 bilhões.
“Precisamos aumentar o número de mulheres não só na base como na gestão. Das 500 maiores empresas do mundo, apenas 1% é liderada por mulheres. Para ampliar o acesso delas a esse mercado, é fundamental aumentar a base educacional e o número de mulheres que estudam áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática”, destaca.
Pandemia
Segundo números apresentados por Lindália, a participação feminina no setor aumentou 25% nos últimos cinco anos. Ela acredita que a pandemia também contribuiu para esse processo com o crescimento da oferta de vagas para trabalho remoto.
“A mulher sempre se divide entre o trabalho de casa e fora. A pandemia possibilitou que ela trabalhasse de casa remotamente", ressaltou.
Outro ponto levantado por Lindália diz respeito à autoexigência das mulheres na hora de se candidatar às vagas de trabalho.
“A mulher se cobra muito. Ela acredita que para tentar qualquer cargo ela tem que estar super preparada para se sentir confiante. Eu recomendo que elas não se subestimem porque a gente só aprende dando a cara”, explica.
O Rio em Foco é exibido às segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET) com reprises no sábado (26/03), às 17h, e domingo (27/03), às 20h. A partir de terça-feira (22/03) o programa fica disponível no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube e no podcast “Quero Discutir o Meu Estado”, disponível nas principais plataformas de streaming.