Mal planejado, teletrabalho pode potencializar depressão e impactar ascensão na carreira

Atualmente, um a cada dez brasileiros empregados trabalha à distância. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre maio e novembro de 2020, primeiro ano da pandemia da Covid-19. Para refletir sobre as práticas de teletrabalho que permanecerão, mesmo depois do período de isolamento social, o Rio em Foco desta segunda-feira (07/02) recebe a professora titular do Departamento de Psicologia Social e Trabalho da Universidade de Brasília (UNB), Gardênia Abbad.

“Nós observamos que antes da pandemia havia um número muito pequeno de trabalhadores em trabalho remoto nas organizações, ainda que esta modalidade tenha alguns benefícios como, por exemplo, a flexibilidade de horário, e a autonomia de planejamento. O teletrabalho também traz alguns desafios como a necessidade de suporte das Tecnologias de Informação e Comunicação”, avalia a professora.

Gardênia Abbad revela que a necessidade de aderir ao trabalho remoto de forma compulsória colocou a maior parte dos trabalhadores diante de uma nova realidade em que não tinham nenhuma experiência. “O trabalho remoto passa a exigir uma gestão baseada em entregas e não mais no micro gerenciamento de processos de trabalho individual. Ao mesmo tempo, as incertezas causadas pelo isolamento social trouxeram um período de adaptação de muito estresse com relatos de sobrecarga de trabalho e sinais muito claros de depressão”, detalha a pesquisadora.

Depois de realizar uma análise comparada de dados sobre a inserção de teletrabalhadores nas organizações antes, e em diversos momentos durante a pandemia, Gardênia Abbad observa que a adoção da modalidade remota precisa ser cuidadosamente planejada para não intoxicar a cultura organizacional. “É preciso planejar a implementação do sistema, seja ele híbrido ou de teletrabalho em tempo integral. É muito perigoso colocar um trabalhador o tempo inteiro em trabalho remoto. É possível que isso limite as possibilidades deste profissional se desenvolver e ascender na carreira”, pondera a professora titular do Departamento de Psicologia Social e Trabalho da Universidade de Brasília (UNB).

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET) com reprises no sábado (11/02), às 17h, e domingo (12/02), às 20h. A partir de terça-feira (08/02), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast “Quero Discutir o Meu Estado”, disponível nas principais plataformas de streaming.