Hub vai mapear ecossistema fluminense de negócios de impacto

O Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) está formando um Hub de conexão de negócios de impacto que vai mapear o ecossistema fluminense de finanças sociais nos próximos dois anos. O projeto, que contará com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), foi apresentado durante o segundo dia da 6ª edição do Seminário de Negócios de Impacto nesta quarta-feira (01/12). Você pode assistir na íntegra clicando aqui!

“O projeto é uma parceria do CEFET, por meio da Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Solidários Sustentáveis (ITESS), com o Rio de Impacto porque a gente entende a necessidade de ampliar a visibilidade dos diferentes colaboradores deste ecossistema. A ideia é realizar o mapeamento dos atores e das diferentes interações que estruturam os negócios de impacto social no estado”, revelou a professora Inessa Salomão, coordenadora da iniciativa.

Um dos objetivos do projeto é colaborar para a consolidação do ecossistema de impacto social e ambiental, criando mecanismos que permitam maior interação entre os atores por meio da disseminação de informações e análises. “Queremos adaptar e aplicar a metodologia já testada e desenvolvida pelo Observatório de Inovação Social de Florianópolis para produzir uma plataforma local que tenha alcance de longo prazo no movimento Rio de Impacto”, explica a pesquisadora.

O Observatório de Inovação Social de Florianópolis é uma plataforma digital que foi criada em 2016 por meio de uma parceria que reuniu dois grupos de pesquisa da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). “Nos últimos anos, Florianópolis fortaleceu muito seu ecossistema de inovação. É hoje a cidade brasileira com maior número de startups por habitante. E entendemos que gerar impacto social e ambiental positivo não se trata apenas de aplicar inovações ao campo social. É necessário que haja engajamento em torno dos problemas e uma articulação entre os atores, por isso o apoio e o fomento são fundamentais”, afirma a coordenadora do Observatório, Carolina Andion.

Impact Hub

Uma das motivações do seminário anual do Rio de Impacto é mostrar e discutir sobre as melhores práticas em empreendedorismo social ao redor do mundo. Com este espírito, o segundo dia do evento falou a respeito do Impact Hub Rio, representante local de uma aceleradora que está presente em mais de 100 localidades espalhadas pelo mundo, que chegou este ano ao Rio disposta a fomentar as experiências de trabalho colaborativo que já estão sendo desenvolvidas em outras capitais como Florianópolis, Belo Horizonte e Brasília.

“A missão global do Impact Hub é colaborar para a criação de um mundo justo e sustentável, onde os recursos estão a serviço das pessoas e do planeta. Em Florianópolis, nós trabalhamos desde nossa fundação, há oito anos, para fomentar a tecnologia, as ‘startups’ e a inovação. Nós temos três espaços de coworking e vamos operar um quarto, a partir do ano que vem, com cerca de mil empreendedores, além de uma aceleradora de microempreendedores individuais e um programa voltado para empreendedores da periferia. Em alguns meses de aceleração, as pessoas aumentam em cerca de R$ 2 mil o faturamento em seus negócios”, revela Gabriela Werner, CEO do Impact Hub de Florianópolis.

O Impact Hub chega ao Rio amparado em uma expertise mundial de mobilização de recursos para iniciativas de impacto. A ideia é atrair recursos melhorando a capacidade de governança dos empreendedores. “Há dinheiro disponível para realizar coisas relevantes. Então se houver uma rede de apoio bem estruturada que sabe o que está fazendo é possível trazer todos os recursos necessários”, opina a CEO do Impact Hub Brasília, Deise Nicoletto.

Soluções baseadas na natureza

Estamos iniciando a chamada “Década da Ação”, período em que os países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) precisam cumprir as 169 metas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) pactuados para serem realizados até 2030. Pensando na vocação dos negócios de impacto, para reunir a sociedade civil em torno da sustentabilidade, o segundo dia do seminário reuniu empreendedores e instituições de fomento que desenvolvem soluções baseadas na natureza, a partir de empreendimentos que geram renda focados em externalidades ambientais positivas.

“A Fundação Grupo Boticário chegou à Baía de Guanabara em 2019, num processo de cocriação da ‘rede oasis lab’ (um ambiente de inovação e fortalecimento de soluções baseadas na natureza) e, de lá pra cá, a gente conseguiu articular sete projetos, quatro com financiamento parcial ou total,e  agora fechamos uma parceria para direcionar recursos para os projetos de segurança hídrica, porque a gente entende a importância de fortalecer e organizar o ecossistema. O Brasil tem 103 mil espécies de animais e 43 mil espécies de vegetais descritas, fora o que a gente não conhece. Neste sentido, a Fundação Grupo Boticário entendeu a importância de investir em negócios que levem em conta a conservação da Biodiversidade”, afirma o analista de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, André Dias.

Carla Panisset, coordenadora da unidade fluminense do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Rio) destaca a importância de fomentar a integração das diversas competências necessárias ao desenvolvimento de negócios de impacto.

“No Programa Natureza Empreendedora, em que trabalhamos em conjunto com a Fundação Grupo Boticário, formamos uma métrica batizada de Índice de Impacto, composta por questões relacionadas à intencionalidade, ao impacto social e ambiental, à gestão e ao comportamento empreendedor, porque a gente entende que se estas coisas não estão relacionadas, o impacto não será sustentável”, pondera Panisset.

A edição de 2021 do Seminário de Negócios de Impacto privilegiou uma abordagem mais global, que procurou mostrar da maneira mais ampla e democrática possível a atuação e as realizações dos atores, instituições e empreendedores que compõem o ecossistema de negócios de impacto social fluminense. O Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro reuniu mais de 30 expositores que partilharam suas experiências, projetos e esperanças para o futuro desta rede que conecta os empreendedores sociais local e nacionalmente.

“Este ano optamos por fazer um panorama de tudo o que está acontecendo no cenário fluminense de negócios de impacto. É uma pena não ter tido tanto tempo de debate nos painéis, mas levamos em conta uma preocupação de colocar o público muito tempo diante da tela, neste período em que muitos estão passando muito tempo diante do computador”, avaliou a secretária-geral do Fórum da Alerj de Desenvolvimento da Alerj, Geiza Rocha.