Ações para combate à violência doméstica são tema da Roda de Conversa com empreendedoras

No dia 25 de novembro é comemorado o dia internacional da Não Violência Contra a Mulher, pensando nesse momento de conscientização, o Fórum da Alerj realizou uma edição especial da Roda de Conversa com empreendedoras de impacto. O último bate-papo deste ano reuniu o desembargador Wagner Cinelli e as representantes do projeto Basta de Violência Doméstica, das Aplande, Maria Regina Fontes e Ana Claudia Soares. O encontro pode ser assistido aqui.

Durante o encontro foi apresentado o curta-metragem Sobre Ela, idealizado pelo desembargador, que também é autor do livro com o mesmo nome, que traz as políticas públicas desenvolvidas no Brasil sobre o tema, além de traçar um panorama da desigualdade de gênero e a evolução legislativa.

“A gente precisa falar sobre a violência doméstica, que é um assunto sério e urgente. As pessoas precisam estar cada vez mais conscientes e ativas em torno desse tema. O curta traz uma mensagem de esperança. A ideia do vídeo toca especialmente as mulheres, mas precisamos envolver a todos na questão. Homens são filhos de mulheres, irmãos, pais de meninas e mesmo que não sejam, essa é uma questão de direitos humanos”, frisou Cinelli, que já planeja o lançamento de uma segunda publicação para março do ano que vem, reunindo os 30 artigos que já escreveu sobre violência doméstica ao longo dos anos.

De acordo com o magistrado, é preciso sim meter a colher em briga de marido e mulher impedindo esse ciclo. “É muito comum que a mulher não se dê conta de que está sofrendo violência no início e a situação segue num crescente à medida em que a pessoa não reage. Portanto, a conscientização é extremamente necessária para quebrar esse ciclo. Conhecer os direitos é fundamental para exercê-lo. Sinto falta do poder público, especialmente estadual e federal, fazer campanhas para alertar sobre o tema. Ainda fazem pouco, é preciso de mais investimento dos governos e isso precisa ser cobrado pela sociedade”, observou.

Com a pandemia, estima-se que as denúncias de violência doméstica tenham aumentado em até 50 vezes no Brasil em razão do isolamento social e do confinamento, o que levou a Asplande, que coordena a incubadora de negócios sociais Impacta Mulher junto com a Rede Cooperativa de Mulheres Empreendedoras, a lançar o projeto Basta de Violência Doméstica. A iniciativa conta com 80 mulheres inscritas e, devido ao sucesso, deve ganhar uma segunda edição no próximo ano.

“É um presente participar desse curso que marcou o meu rompimento com o ciclo da violência doméstica. Eu consegui me reconstruir com o apoio da rede que nos ajuda a caminhar e prosseguir porque sozinha a gente não consegue, eu tinha vergonha do que tinha vivido. Aprendi o que é sororidade e tive um acolhimento que eu não tinha no meu lar”, relatou Ana Claudia Soares, umas das alunas do projeto.

Para Maria Regina Fontes, uma das coordenadoras de projeto da Asplande e também vítima de violência doméstica.

“A mulher vai à delegacia e são mandadas de volta para casa, não sabem dos seus direitos e que é obrigação do agente público acatar a denúncia. Com a nossa formação elas se empoderam e passam a conhecer a lei e os seus direitos, não podemos parar. Eu conto a minha história de dor para que outras possam vencer essas barreiras e se libertarem desse sofrimento”, observou.

Segundo o desembargador, o projeto da Asplande cobre várias áreas importantes como conscientização e independência financeira, ferramentas importantes para quebrar o ciclo. Ele chamou a atenção também para o fato da grande maioria dos municípios não contar com uma delegacia especializada no atendimento à mulher.

“Praticamente só as grandes capitais oferecem esse serviço, e mesmo assim a grande maioria não funciona 24h, o que estamos pleiteando para que seja modificado“, finalizou.