Rota 4b para escoamento de gás natural pode transformar o Rio em HUB de desenvolvimento

Um gasoduto de mais de 300 quilômetros de extensão ligando a Bacia de Santos ao Porto de Itaguaí, com capacidade de transportar 15 milhões de m³ de gás, coloca o Rio de Janeiro no centro da maior iniciativa desenvolvida a partir do Novo Mercado de Gás, programa do governo federal para estimular o setor. O projeto, batizado de Rota 4b, pretende ainda instalar uma Unidade de Tratamento de Gás no município de Seropédica, na Baixada Fluminense. No Rio em Foco desta segunda-feira (08/11), o diretor-geral da Alerj, o engenheiro Wagner Victer, fala sobre a importância da Rota 4b e as oportunidades que ela pode representar para o estado do Rio. O programa será veiculado hoje, às 22h, na TV Alerj (canal 10.2 UHF Digital e canal 12 NET) e pelo link www.youtube.com/AlerjTV.

A Rota 4b prevê que o escoamento do gás produzido no Campo de Bacalhau, na Bacia de Santos, seja feito por Itaguaí. “Eu não tenho a menor dúvida de que esse é o melhor projeto de desenvolvimento de futuro que podemos ter no estado do Rio de Janeiro”, afirmou Victer.

O diretor-geral da Alerj destaca que o desenvolvimento da Rota 4b pode contribuir decisivamente para o esforço de reindustrialização do estado. “O Rio de Janeiro tem condição de desenvolver um hub importante na área de energia, reunindo um conjunto de atividades importantes lastreadas pelo gás. Nós fizemos uma modelagem de projeto, com autorização do deputado André Ceciliano, discutindo com técnicos da assessoria fiscal da Alerj, em que percebemos as vantagens competitivas do Rio de Janeiro, em relação a rota 4a, em São Paulo”, revela Victer.

De acordo com o engenheiro, o projeto modelado pela Alerj identificou que o desenvolvimento da Rota 4b tem um passivo ambiental menor que as possibilidades concorrentes, oferece maior sinergia com outros empreendimentos já em funcionamento, além de desfrutar de uma posição estratégica do ponto de vista logístico.

“Paracambi é o destino da maior linha de transmissão em ultra tensão do mundo, que vem de Belo Monte, no Pará. O Porto de Itaguaí ainda tem muito espaço para receber novas cargas e com capacidade de desenvolver produção de fertilizantes químicos, além disso temos um arco metropolitano que sai de Itaguaí e circunda a Baía de Guanabara até a BR 101. Ali é possível implementar um condomínio industrial ofertando gás a um preço diferenciado. O potencial de geração de emprego é imenso. Todas estas características (o estado de) São Paulo não tem”, aponta Victer.

A crise energética mundial ameaça a retomada da economia em diferentes pontos do planeta. Na Europa, por exemplo, o gás natural subiu mais de 100% este ano em países como Inglaterra, Alemanha e França, e a possibilidade de escassez é avaliada pelos governos. No Brasil, o acionamento de usinas termelétricas é a saída para baratear a energia, já que as abundantes reservas de gás natural tornam o país um ator estratégico no mercado global de energia. Wagner Victer destaca que, neste contexto de valorização da commodity, o desenvolvimento da Rota 4b coloca o Rio em posição de liderança para atração de novos investimentos em diversos segmentos.

“O Rio de Janeiro nunca aproveitou plenamente sua vocação para o desenvolvimento de soluções em torno do gás natural. Um bom exemplo é o que aconteceu no leilão de compra simplificada de energia realizado pelo governo federal: 70% dos projetos contemplados entram justamente por Itaguaí. É a semente inicial para desenvolver o hub de energia com implicações em diversos elos da cadeia produtiva. O gás natural não é meramente mais uma fonte energética. A partir do processamento do gás é possível também produzir GLP, que é o gás de cozinha, gasolina, além de matéria-prima para a indústria petroquímica”, destaca o engenheiro.

Outro ponto da crise energética que tem sido constantemente discutido no mundo é a necessidade de adotar uma matriz mais limpa para evitar o agravamento de externalidades ambientais negativas. Diversos países europeus estão mirando a mudança em direção às métricas ESG (Environmental, Social, Governance) – sigla em inglês que significa boas práticas ambientais. 

Victer destaca que, embora ainda seja um combustível fóssil, o gás natural é mais limpo e pode ser um elemento importante na transição para um modelo mais sustentável. “Simulações que realizamos apontam que o desenvolvimento da Rota 4b deve estimular a abertura de mais de 150 postos de GNV (Gás Natural Veicular) na Baixada. O nível de emissão de poluentes é muito menor. Muitas operações de siderurgia, se feitas com gás, também reduzem muito a emissão de poluentes. Então, a participação maior do gás na matriz energética torna as soluções industriais e de mobilidade urbana muito mais limpas”, pondera Victer.

O Rio em Foco é exibido às segundas-feiras, às 22h, Na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET) com reprises no sábado (13/11), às 17h, e domingo (14/11), às 20. A partir de terça-feira (09/11), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast “Quero Discutir o Meu Estado”, disponível nas principais plataformas de streaming.