A edição de número 400 do Rio em Foco traz dados da pesquisa realizada pela ONU Mulheres que revela que mais de 80% das mulheres em espaços políticos já sofreram violência psicológica, 45% sofreram ameaças, 25% violência física e 20% assédio sexual. Na entrevista desta segunda-feira (11/10) a analista de programa da ONU Mulheres, Ana Claudia Pereira fala sobre esses indicadores e quais as ações existentes no combate a esse tipo de violência.
“É um dado bastante grave a gente saber que 82% das mulheres sofreram violência psicológica. A gente pode até dizer que a violência é um traço definidor da experiência das mulheres no mundo da política”, avalia Ana Cláudia Pereira.
Segundo a especialista, a situação colabora para o baixo engajamento das mulheres na disputa por cargos públicos. O Tribunal Superior Eleitoral contabilizou que, na última eleição, apesar de as mulheres serem 52,5% do eleitorado, elas representaram apenas 33,6% do total de candidaturas para prefeita, vice-prefeita, ou vereadora. “É um mito que as mulheres não se interessam por política. Cada mulher que vai se candidatar à vida pública, ou que se dedica de alguma forma à política, tem que considerar os riscos que isso vai trazer para sua família, a exposição da sua vida pessoal, um possível comprometimento da sua saúde física e mental. É uma barreira enorme”, relata Ana Cláudia Pereira.
No ranking de paridade política da América Latina, de 11 países avaliados, o Brasil ocupa o nono lugar. Com o objetivo de promover maior participação política das mulheres em países da América Latina e Caribe, a ONU Mulheres, em parceria com a PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) fundou o projeto “Atenea”.
“Esse é um projeto que consolida um índice de paridade política e observa desde a efetivação do direito das mulheres ao voto, até a realização da política de cotas, a presença das mulheres nos partidos políticos, nos governos locais e nacionais, assim como a presença feminina no Poder Judiciário. O objetivo é medir a participação global da mulher na política do país”, explica Ana.
Dentre os esforços da ONU Mulheres para combater à violência contra mulheres na política está a campanha #ViolênciaNão -pelos direitos políticos das mulheres. “É uma campanha nas redes sociais focada na sensibilização sobre o tema que a gente observa que vem ganhando atenção na sociedade civil”, destaca a analista de programas da ONU Mulheres.
Recentemente a ONU Mulheres divulgou uma “newsletter” em que relata boas práticas sobre o tema. “Nós procuramos mostrar como está o debate em âmbito internacional. Por exemplo, a Organização dos Estados Americanos (OEA) produziu uma lei modelo sobre violência política e a gente tem buscado divulgar. É muito importante uma rede de apoio suprapartidária para apoiar as mulheres neste sentido, é o que se mostrou efetivo em outros países e pode funcionar também no Brasil”, pondera.
O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET) com reprises no sábado (16/10), às 17h, e domingo (17/10), às 20h. A partir de terça-feira (19/10), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de streaming.