Workshop traz informações sobre Censo 2022 e pesquisas do IBGE para auxiliar gestores municipais

Os dados produzidos pelo Censo Demográfico do IBGE são um retrato fiel e abrangente do Brasil. As informações sobre as características demográficas e socioeconômicas do país são essenciais para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas e para o planejamento de investimentos, tanto do governo quanto da iniciativa privada, como balizar os repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O papel dos municípios no Censo 2022 foi abordado nesta sexta (01/10) durante um workshop promovido pelo Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico em parceria com o IBGE, assim como as inovações trazidas pelo levantamento. Clique aqui para assistir ao evento na íntegra

Realizado a cada dez anos, a nova edição do Censo estava prevista para 2020 e foi adiada em razão da pandemia. O período de coleta acontecerá de junho a agosto do ano que vem. Somente no Rio de Janeiro são 6.572.405 domicílios a serem visitados. Segundo o chefe da Unidade Estadual do IBGE no Rio de Janeiro, José Francisco Teixeira Carvalho, o estado contará com 287 postos de coleta, 16.115 recenseadores e 2.320 agentes censitários. Em fevereiro de 2022, o IBGE abrirá um novo processo seletivo para as vagas de agente censitário municipal (287 vagas), agente censitário supervisor (1.893 vagas) e recenseador (16.115 vagas).

“A coleta no Rio de Janeiro é bastante complexa. Além de sermos o 3º maior estado em termos de população, com mais de 17 milhões de habitantes, o estado exibe características diversas, e para darmos cobertura total ao território precisaremos utilizar estratégias de coletas diferenciadas de acordo com a área. Precisamos de muitas parcerias para termos sucesso nessa operação”, frisou Carvalho.

As Reuniões de Planejamento e Acompanhamento do Censo (REPAC) tem como objetivo buscar o apoio da comunidade local, em cada um dos 92 municípios do estado, para se obter melhores resultados.

“Até chegarmos ao momento da coleta, existe todo um planejamento a ser executado. As Repacs servem como um canal de comunicação entre o IBGE e a sociedade, dando visibilidade e transparência às ações. Elas servem também para solicitar apoio logístico não somente das prefeituras, mas também de outros órgãos públicos e privados”, explicou.

De acordo com ele, as primeiras reuniões acontecem ainda esse ano, principalmente em municípios em que tiveram mudanças de gestão. O segundo encontro acontece antes da coleta e o terceiro durante a coleta para avaliar o andamento. Existe ainda a possibilidade de uma quarta reunião após o término da coleta, caso ainda haja necessidade.

Inovações

O coordenador operacional do Censo no Estado do Rio de Janeiro, Gabriel Barros, reforçou que o Censo Demográfico é uma das poucas pesquisas do IBGE que apresenta dados a nível municipal.

Barros apresentou um histórico da pesquisa e detalhou as inovações do Censo 2022. Dentre elas estão a captura de coordenadas em setores rurais e urbanos, Pesquisa do Entorno com apuração por faces-de-quadra e também em aglomerados subnormais, a comunicação on-line 24h entre DCM e Central de Dados, além da contratação de temporários feita com tablets.

A pesquisa incluirá também novos quesitos como utilização de meios de transporte e deslocamento, diagnóstico de autismo, pergunta de pertencimento e autoidentificação quilombola, definições de cor ou raça “pardo” e “amarelo”, questionário de agrupamento indígena e áreas de interesse operacional (AIO).

“A questão da mobilidade, muito importante nos dias de hoje, passa a ser contemplada a partir desse levantamento. Já as áreas de interesse operacional permitem fazer uma investigação mais direcionada. A pergunta se a pessoa se considera quilombola abrirá apenas dentro das áreas delimitadas onde houve investigação prévia sobre a possibilidade de existir aquela população naquele território”, exemplificou.

Sobre a Pesquisa do Entorno dos domicílios no Censo 2022, o supervisor de Pesquisas Territoriais, Filipe Borsani, destacou que ela busca o que tem além das ruas e visa a coletar dados sobre a infraestrutura das cidades quanto à acessibilidade universal, circulação de veículos, capacidade de escoamento de águas das chuvas e outros equipamentos presentes no espaço urbano.

“Essa pesquisa é muito importante para a formulação de políticas públicas em áreas urbanas para melhoria da qualidade de vida da população. Diferentemente da pesquisa domiciliar, não há perguntas e conta com a observação do agente censitário, que coletará informações como iluminação pública, calçada, ciclovia, arborização, bueiros e rampas para cadeirantes, por exemplo. O IBGE busca acompanhar se o Brasil tem avançado nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e a pesquisa do entorno está muito vinculada ao ODS 11, que fala sobre tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”, salientou.

Durante o encontro também foram apresentados um recorte do estado do Censo Agropecuário, o SIDRA (Sistema IBGE de Recuperação Automática) - plataforma interativa de visualização de dados das pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2017 - e a classificação preliminar dos aglomerados subnormais de 2019 no Rio de Janeiro, que foi antecipada para ajudar no enfrentamento da covid-19.

Segundo o gerente de Regionalização Maikon Robert de Novaes , os aglomerados são formas de ocupação irregular de terrenos públicos ou privados, em geral caracterizados por um padrão urbanístico irregular, com carência de serviços públicos essenciais, como favelas, comunidades, palafitas, loteamentos, etc.

“O IBGE trouxe essas informações à luz da sociedade quando havia uma grande preocupação com as questões do isolamento e distanciamento social do início da pandemia com essa população que tem uma vulnerabilidade na habitação São dados interessantes para os gestores como indicadores sociais de moradia, as áreas indígenas e quilombola”.

Somente no Rio de Janeiro são 1.830 aglomerados subnormais em 56 municípios fluminenses, ocupando a 5ª colocação, enquanto o país possui 13.151 no total. As cidades do estado com maior percentual de estimativa de domicílios em aglomerados subnormais são Angra dos Reis (39,85%), Teresópolis (34,21%), Arraial do Cabo (21,57%) e Cabo Frio (21,37%).

Fórum Capacita

O workshop faz parte do projeto Fórum Capacita, que visa a aproveitar a expertise das 63 instituições que integram o Fórum da Alerj de Desenvolvimento do Rio para gerar oportunidades de aperfeiçoamento para os agentes públicos em geral, seja do Legislativo ou de outras esferas de Poder.