Brasileiro gasta mais do que ganha e não sabe reconhecer um bom investimento, diz estudo

Sete em cada dez brasileiros gastam mais do que ganha ou encerra o mês lutando para fechar as contas. Este retrato da saúde financeira da população foi revelado em recente estudo realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em cooperação técnica com o Banco Central do Brasil. O Rio em Foco desta segunda-feira (13/09) recebe o diretor de Sustentabilidade e Cidadania Financeira da Febraban, Amaury Oliva e o Superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), José Alexandre Vasco, que traçam o atual panorama atual da saúde financeira da população e as perspectivas de melhora dela.

A pesquisa, coordenada também em colaboração com outros membros do sistema financeiro nacional, foi baseada em dados fornecidos por 5.200 entrevistados e elaborou uma escala graduada entre 0 e 100 pontos para medir a saúde financeira do brasileiro. O levantamento revelou que a média está em 57 pontos, o que mostra dificuldade em poupar e reconhecer bons investimentos.

“Foi um estudo amplo com mais de 5 mil entrevistados e quase 70 consultores e especialistas. Este índice de 57 pontos significa que a maior parte dos brasileiros está numa zona de limite financeiro em que não há espaço para erros: uma pisada em falso e o consumidor entra numa situação de endividamento”, explica Amaury Oliveira.

Um dos objetivos da CVM é estimular o hábito de poupança do brasileiro. Além de assegurar uma vida financeira mais tranquila, a poupança também é uma importante ferramenta para elevar a formação bruta de capital das empresas, ou seja, os valores investidos que estimulam o crescimento da economia e a geração de empregos.

Por isso, José Vasco destaca a importância de formar no país uma cultura de pequenos investidores. “Educação Financeira é fundamental para formar um país de investidores, pessoas que serão protagonistas da sua vida financeira. Neste sentido, estamos num momento particular do Brasil: apenas nos primeiros seis meses de 2021, 500 mil novos investidores entraram na bolsa. Este era o número total de investidores há três anos”, destaca Vasco.

Apesar do crescimento da participação de pequenos investidores no mercado de capitais, segundo Amaury Oliveira, a pesquisa revelou que poucas pessoas se sentem capazes de investir bem e ainda temem as oscilações da bolsa de valores. “Apenas 34% dos brasileiros se sentem capazes de reconhecer um bom investimento e quase 62% sabem que precisam melhorar sua relação com o dinheiro”, salienta o diretor de cidadania financeira da Febraban.

Um dos maiores problemas quanto à educação financeira é a tendência de confundir investimentos com o chamado esquema Ponzi, ou pirâmide financeira: um esquema de fraude que, em vez de remunerar investidores baseado no lucro de determinado empreendimento, depende do recrutamento de novas pessoas para remunerar os já pertencentes ao modelo.

Recentemente, a CVM criou uma página de alerta na internet que atraía pessoas prometendo rendimentos explosivos num esquema de pirâmide. Quem decidia investir, em vez de perder o dinheiro como geralmente acontece, era redirecionado para uma página de educação financeira. “Nós tivemos uma taxa de conversão de mais de 20%, ou seja, 20% das pessoas que acessaram a página tentaram investir na pirâmide. Educação financeira tem um papel importante para prevenir golpes”, alerta José Vasco.

Ministério da Educação lança programa gratuito de Educação Financeira nas Escolas

O Ministério da Educação (MEC), em parceria com a CVM, lançou em agosto o Programa Educação Financeira nas Escolas. A meta é capacitar, em três anos, 500 mil professores que poderão levar o tema a mais de 25 milhões de estudantes brasileiros.

“O objetivo é preparar os professores para que eles possam trabalhar com os estudantes os principais temas da educação financeira. A ideia é falar desde cedo para que os estudantes criem bons hábitos no gerenciamento do seu dinheiro”, afirma Renato Brito, diretor de Formação Docente do Ministério da Educação (MEC).

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET) com reprises no sábado (18/09), às 17h, e domingo (19/09), às 20h. A partir de terça-feira (14/09), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de streaming.