Sustentabilidade passa a ser tema central dos Jogos Olímpicos e Rio pode voltar a sediar megaevento

Com o término dos Jogos Olímpicos de Tóquio e com as Paraolimpíadas batendo à porta, o Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico promoveu uma live no Instagram que abordou o legado destes megaeventos esportivos e as mudanças trazidas pela pandemia nesta edição. Para o pesquisador de Ciências do Esporte, Lamartine da Costa, a questão da sustentabilidade passa a ser central a partir do Japão e com isso cria-se uma situação atrativa para que o Rio de Janeiro possa sediar novamente as Olimpíadas no futuro.

“As cidades que receberão os Jogos a partir de agora serão aquelas que já possuem estrutura e podem realizar o evento sem a necessidade de grandes obras. Isso se resume a poucos locais no mundo e o Rio de Janeiro está entre eles. Porém é uma perspectiva de futuro, algo que pode acontecer em 20, 30 anos”, frisou.

Sobre a pandemia, Lamartine afirmou que ela forçou situações até então inexistentes, mas que como toda crise, também trouxe oportunidades.

“Por conta dos protocolos sanitários, não tivemos presença de público pela primeira vez em 2700 anos de Olimpíadas, mudando toda uma dinâmica. Com isso, o foco ficou diretamente nos atletas e a mídia soube aproveitar isso bem. As transmissões trouxeram closes colocando os competidores como únicos protagonistas, representando as pessoas, um reflexo da sociedade”, explicou.

Ainda sobre a cobertura da mídia, o pesquisador afirmou que houve um grande domínio da imprensa sobre os Jogos de Tóquio, transformando atletas em novos heróis da nação, mas que é preciso ter cuidado com isso.

“Vamos saudar os medalhistas, porém os estudiosos precisam olhar isso de uma maneira relativa. Podemos ser uma potência olímpica, mas não somos uma potência desportiva. A partir deste atrativo, precisamos transformar isso em desenvolvimento e não apenas em espetáculo”, frisou.

Curador do e-Museu Nacional do Esporte, plataforma on-line que reúne um conjunto de acervos e informações disponíveis relacionadas às histórias do esporte no Brasil, Lamartine chama a atenção para a necessidade de trabalhar os dados do presente, com as lições do passado para construir o futuro. De olho nisso, o e-Museu está com a exposição “Jogos Olímpicos em Discussão”, com debates como a liberdade de expressão, a questão da participação dos atletas trans e o tema dos valores esportivos e sociais da humanidade.

“É uma nova maneira de ver os Jogos pelo lado sociocultural, econômico e ambientalista, com novas oportunidades de discutir os problemas do dia a dia da sociedade. Trago luz também aos valores dos Jogos que é o que funciona para que o país se desenvolva buscando soluções inovadoras”, finalizou.