Pesquisa revela que mais de 90% das startups brasileiras são fundadas por homens

De acordo com o estudo Female Fouders Report: Liderança feminina e empreendimentos no ecossistema brasileiro de inovação, lançado recentemente pela plataforma Distrito Dataminer, 90,2% das startups brasileiras são fundadas por homens e apenas 4,7% por mulheres. Para apresentar os principais dados que revelam esse desequilíbrio, o Rio em Foco desta segunda-feira (17/05) recebe a analista da plataforma Distrito, Suylianne Oliveira.

“Nós tínhamos uma hipótese de que haveria um desequilíbrio de gênero, mas não como o que encontramos. No empreendedorismo tradicional a taxa fica em torno de 50% entre homens e mulheres. Mas descobrimos que por volta de 10% das startups são fundadas por mulheres, mas nem 5% delas foi fundada exclusivamente por mulheres. Então mais de 90% das startups foram fundadas por homens no Brasil”, conta Suylianne Oliveira.

O estudo também aponta distorções regionais: a maior parte de startups abertas no país está na Região Sudeste. “A concentração de startups está no eixo Sul-Sudeste. Percebemos que o Rio de Janeiro é o estado que mais se destaca quanto à liderança feminina, em relação ao resto do país, porém ainda com números acanhados. São 17% de startups fundadas por mulheres", alerta a analista da Distrito Dataminer.

Uma das principais características que aponta essa desigualdade é a baixa taxa de mulheres formadas em áreas potencialmente voltadas para inovação. “As mulheres não são incentivadas pelo sistema educacional a buscar a área de tecnologia, que é o núcleo do sistema de inovação”, aponta Suylianne Oliveira ao destacar que a presença de mulheres cresce um pouco na cadeia produtiva ligada à indústria da Moda. “60% das startups estão ligadas à cadeia de suprimentos da Moda, mas o universo destes empreendimentos é muito pequeno em relação ao ecossistema, não chega a 3%”, destaca.

Mulheres recebem 100 vezes menos recursos para financiar startups

Parte da desigualdade de gênero na abertura de empresas inovadoras pode ser explicada também pela concentração de recursos em mãos masculinas. Por definição, empresas disruptivas trazem maior retorno, mas correm mais riscos. Dados do Banco Mundial apontam que, em mercados emergentes, apenas 7% do total de investimentos de riscos são destinados a empreendimentos liderados por mulheres. “É importante destacar que, no ecossistema como um todo, captar recursos é difícil. Nós temos mais de 13 mil startups mapeadas, todas competindo por esta parcela de recursos destinada a investimentos de alto risco. A gente esperava que esta dificuldade estivesse refletida nas startups lideradas por mulheres, mas o que vimos foi um cenário ainda mais restrito", conta Suylianne Oliveira.

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (18/05), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de áudio. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (22/05), às 17h, e domingo (23/05), às 20h