Conexões e trabalhos em rede contribuem para fortalecer negócios durante a pandemia

A edição de abril da Roda de Conversa com empreendimentos de impacto, realizada nesta quinta-feira (29/04), reuniu dois negócios ligados às áreas de saúde e cultura que precisaram se reinventar durante a pandemia para compartilhar suas perspectivas de futuro. Em comum eles citaram os desafios do acesso às ferramentas digitais e conectividade, e o ganho com o trabalho em rede. O bate-papo foi mediado pela secretária-geral do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico e coordenadora do Movimento Rio de Impacto, Geiza Rocha, e pode ser conferido na íntegra no YouTube.

Durante o encontro, a assistente social e líder do atendimento do Instituto Dara, Cristina Silva Pereira, contou um pouco sobre o trabalho da instituição, que atua há 29 anos acompanhando crianças internadas em unidades públicas de saúde e suas respectivas famílias em situação de risco social. Por meio de atendimentos multidisciplinares e oferta de cursos, o Dara contribui para que essas famílias alcancem sua independência financeira e levem os tratamentos até o fim. O instituto atua em cinco áreas: saúde, moradia, cidadania, renda e educação.

“Fomos pegos de surpresa e precisamos nos reinventar. Nosso atendimento era todo presencial, olho no olho, e com a pandemia passou a ser remoto. O acompanhamento mensal agora é via telefone e a grande mudança veio de fato nas oficinas que passaram a ser virtuais”, explicou.

O Fundo ManoaMano nasceu como uma resposta conjunta aos efeitos econômicos da pandemia. Fruto de uma parceria entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Ashoka, a Asplande e o Instituto Dara, ele foi criado para proporcionar a nano e microempreendedores das periferias do Rio de Janeiro capital semente e mentorias com professores/as e estudantes da universidade a fim de fomentar a geração de renda por meio do empreendedorismo.

Cristina conta que as oficinas começaram a focar em como lidar com esse novo modelo de negócios com vendas on-line e como fazer a abordagem de clientes nesse novo formato. Porém, o grande desafio está na conectividade.

“Nosso público é morador de favela e periferias e foram muito impactados pela pandemia. Muitos vivem em áreas de sombra, sem acesso à internet. Temos que pensar que tipo de ferramentas podemos oferecer para prepará-los para esse futuro que veio para ficar, como incluir essas no digital. Por isso as parcerias e conexões são tão importantes e o ManoaMano surgiu como uma possibilidade de acesso a recursos e ajuda direta", destacou.

O fortalecimento da rede e a oferta de capacitação on-line também foi a saída encontrada pela gestora, produtora e pesquisadora cultural Phaedra Lessa, que apresentou as ações do Circular Arte Cultura e Educação, criado para dar visibilidade e apoio a projetos culturais.

“O setor de cultura foi o primeiro a parar e é o último a voltar. Isso deixou produtores e artistas muito abalados sem saber o que seria do futuro. Começamos a nos reunir de forma virtual para trocar experiências e pensar em como fomentar o setor e gerar renda”, disse.

Com o cancelamento dos projetos, ela precisou se voltar para produtos no formato on-line, com oficinas remotas para atores sociais. “Nossa surpresa foi que com isso conseguimos expandir os projetos para outros estados e até mesmo outros países”, comentou. Segundo ela, outro ponto importante foi que a pandemia evidenciou a importância da cultura e da arte na vida das pessoas.
“Essa crise serviu para aprofundarmos nossos estudos e reivindicarmos o direito à cultura. A Lei Aldir Blanc também democratizou o acesso ao fomento com editais mais simples, deixando todos na mesma posição para concorrerem de forma justa”, citou.

De acordo com Phaedra, o que era desafio virou oportunidade com o digital, mesmo com a questão da conectividade. “Estamos caminhando para compartilhar essas ferramentas de acesso, fortalecendo as redes para fomentar os negócios. Assim vamos dar mais visibilidade a mais gente de diferentes territórios da periferia fazendo seus trabalhos circularem”, concluiu.