Programa desenvolvido em escolas estaduais quer combater evasão ensinando cultura empreendedora

Combater a evasão escolar e transformar a vida de alunos de escolas públicas é o intuito do Projeto Trilha Empreendedora. A iniciativa da ONG Junior Achievement RJ (JARJ), em parceria com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e a Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC), e está em sua quinta edição, é o tema do Rio em Foco desta segunda-feira (26/04).

Com início em 2017, o Trilha Empreendedora hoje está presente em 80 escolas da rede pública estadual do Rio de Janeiro com três grandes pilares: educação empreendedora, preparação para o mercado de trabalho e economia financeira. O aluno termina o ensino médio com uma grade curricular que inclui nove programas empreendedores. De acordo com a presidente da Junior Achievement, Graziella Castilho, o grande diferencial do projeto no Rio de Janeiro está no fato de ele fazer parte da grade curricular das escolas, o que só foi possível com a parceria com a SEEDUC.

“A maioria dos nossos programas educacionais em outros estados são oferecidos no contraturno e não na grade, então esse é um grande ganho. O aluno termina o ensino médio com nove programas empreendedores. Não tenho a menor dúvida que esses jovens saem mais bem preparados para o mercado de trabalho, com um olhar mais amplo para a sociedade e um cidadão melhor”, destaca Graziella Castilho, uma das entrevistadas do programa.

Para viabilizar o projeto, a Junior Achievement, maior e mais antiga organização de educação prática em negócios, economia e empreendedorismo jovem do mundo, conta com o apoio do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP). A instituição mobilizou as empresas que fazem parte do seu quadro de associados e recrutou um corpo de voluntários para aplicar o projeto junto com os professores das escolas selecionadas pela SEEDUC.

“Esses alunos são os futuros trabalhadores do estado do Rio de Janeiro e a indústria de petróleo e gás precisa deles. Apresentamos aos estudantes as diversas profissões de diferentes segmentos que estão ligados ao setor”, conta o gerente de sustentabilidade do IBP, Carlos Victal.

Sobre a contribuição da iniciativa para a diminuição da evasão escolar, Victal pontua que muitos dos voluntários também estudaram em escolas públicas e vem da mesma localidade em que as escolas estão. Isso faz com que os alunos acabem por se identificar com a trajetória de vida do profissional e serve como exemplo e incentivo para que eles sigam com os estudos até a conclusão do ensino médio.

“Nossos voluntários são como beija-flores apagando incêndios na floresta da educação. Precisamos que esse número aumente cada vez mais”, diz.

A JARJ responde pela gestão do projeto, pela metodologia, pelo material didático, além da capacitação de voluntários e professores. Já a SEEDUC atua alinhando as disciplinas ofertadas no projeto com a Base Nacional Comum Curricular.

“A Secretaria de Educação vem tentando oferecer um currículo mais diversificado aos alunos com uma ampliação da jornada educacional, colocando outros componentes curriculares e auxiliando esses alunos e professores que estão sendo formados”, explica a coordenadora de acompanhamento de projetos estratégicos da pasta, Guineza Lourenço.

Segundo ela, 2020 foi um divisor de águas para o projeto, que com a pandemia precisou ser adaptado. Hoje todo conteúdo está disponível numa plataforma e quem não tem acesso à internet recebe o material impresso.

Para Graziella, a crise da covid-19 acabou atraindo mais voluntários para o programa e o grande desafio está na conectividade. “A gente não tinha mais a questão do deslocamento, o que facilitou, além do fato de as pessoas se tornarem mais solidárias em períodos como esses. O grande problema do estudo a distância está mesmo na inclusão digital, que é uma questão séria não só no Rio de Janeiro como em todo o país”, observa.

Na opinião de Graziela um dos entraves é que o Brasil tem muitas políticas de incentivo ao esporte e à cultura, mas não tem uma para educação. “Tudo começa na educação e não temos leis de incentivo nessa área. Esse é o meu apelo ao legislativo para que a gente mude essa condição e que a gente possa colher o fruto disso em algumas décadas”, finaliza.

O programa Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 15.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (27/04), ele fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (01/05), às 17h, e domingo (02/05), às 20h.