Rio em Foco debate políticas de implementação da Economia Circular

Instituições e organizações de todo o mundo estão reunindo esforços para realizar a transição para uma produção focada em reduzir resíduos e poluição, além de aproveitar melhor os produtos gerados pela indústria, chamada de Economia Circular. O Rio em Foco desta segunda-feira (19/04) conversa com a líder da América Latina da Fundação Ellen MacArthur, Luisa Santiago, e com a especialista em meio ambiente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Carolina Zoccoli, sobre as oportunidades e políticas públicas que devem ser implementadas para promover essas mudanças.

De acordo com Luisa Santiago, no método de produção linear, atual forma de organização da sociedade, há o padrão de gerar valor econômico ao extrair, transformar e descartar recursos. A Economia Circular, no entanto, parte de três princípios: eliminar poluição e resíduos desde o projeto; manter materiais e produtos em uso; e regenerar sistemas vivos. Mas, para que ela vigore, é necessário uma transformação sistêmica. “É importante que todo o sistema esteja envolvido. Empresas têm um papel central nessa transformação, mas também os formadores de políticas públicas”, afirma Luisa.

A Fundação Ellen MacArthur, que integra a recém-lançada coalizão da América Latina e Caribe pela Economia Circular, divulgou recentemente o documento “Objetivos universais para as políticas de Economia Circular”, para que sejam desenvolvidas políticas públicas que apoiem e incentivem esse modelo econômico.

A Firjan vem operando para incluir a classe empresarial nessa questão. “Existia um afastamento muito grande entre o que se propunha de Economia Circular e o que as empresas precisavam entender e fazer para começar a se movimentar nesse caminho”, explica Carolina Zoccoli. Por isso, a Federação começou a trabalhar ferramentas para que as empresas se percebessem como essenciais para resolver um problema que é coletivo na sociedade.

A especialista em meio ambiente da Firjan também chama a atenção para o papel do Legislativo nessa transição, que é o de incentivar a mudança de visão do que é considerado resíduo. “A partir do momento que você considera uma coisa como um resíduo, você trabalha uma legislação de controle em cima daquele material, que tem um valor e que, às vezes, há um mercado querendo recuperá-lo, mas economicamente, ou até legalmente, não pode, porque tem um impedimento legal para isso”, explica.

Para Santiago, a pandemia de Covid-19 evidencia ainda mais a necessidade de mudança para uma Economia Circular. “Ela revela falhas que já vinham sendo mostradas pelo trabalho da Fundação e dos diversos atores que estão trabalhando com uma Economia Circular, enxergando as falhas no sistema linear. A própria devastação da biodiversidade, que é típica do modelo de produção do metodo de produção linear, tem a ver com a origem das pandemias. Então, usar a Economia Circular como uma transformação da produção industrial de maneira geral é uma forma de criar uma sobrevivência muito maior para a própria espécie”, finalizou.

O programa Rio em Foco é exibido às segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 15.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (20/04), ele fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (24/04), às 17h, e domingo (25/04), às 20h.