GT do Selo Arte aborda implementação das boas práticas na produção de lácteos

A melhoria da segurança e qualidade da produção de lácteos contribui diretamente para o aumento da produtividade e competitividade, tratando-se de uma oportunidade para os produtores fluminenses. A afirmação sintetiza o que os especialistas que participaram do painel virtual que debateu a importância das boas práticas agropecuárias (BPA) nesta quinta (08/04) pelo Grupo de Trabalho do Selo Arte do Fórum da Alerj de Desenvolvimento. Para assistir o encontro clique aqui.

Para os participantes, o caminho para a aplicação das boas práticas agropecuárias passa por um esforço de conscientização e capacitação de produtores e técnicos para atuarem no campo de forma a garantir um bom produto e atender à legislação vigente. Dentre essas oportunidades de capacitação está o Programa de Qualificação de Fornecedores de Leite do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), que tem como intuito orientar os produtores para atenderem as normativas do Ministério da Agricultura. O programa é voltado para os produtores que não atendem os requisitos de qualidade e segurança do leite e oferece uma consultoria in loco, com visitas às unidades produtivas, que incluem um checklist e recomendações com monitoramento dos resultados. “O processo é todo gratuito e para participar só é preciso estar ligado a uma agroindústria. Hoje atendemos mais de 200 propriedades em todo o estado”, afirmou o coordenador de programas especiais do Senar, Maurício Salles.

Segundo Salles, a implantação das boas práticas agropecuárias inclui diversas etapas que vão desde a alimentação e qualidade da água, até a saúde do rebanho, o meio ambiente e a higiene da ordenha. “No momento estamos com uma parceria com a cooperativa de Macuco para desenvolver esse trabalho”, afirmou. Ele também contou que o Senar está desenvolvendo uma atualização dos Programas de Autocontrole em Agroindústrias de Produtos de Origem Animal on-line, voltado para a capacitação de profissionais habilitados para atuarem como responsáveis técnicos. “Esse é um dos grandes gargalos que identificamos para que os produtores consigam o selo arte e adesão ao Sisbi”, explicou.

A necessidade de elaboração de material como manuais e planilhas com os procedimentos operacionais, que garantam o acompanhamento e registro de dados, foi outro ponto levantado no painel como uma dificuldade a ser vencida. O Programa Alimentos Seguros (PAS-Leite), uma parceria entre Senai, Senar, Sebrae e Embrapa foi criado para estudar a origem do problema de maneira individualizada e também implementar as boas práticas de controle junto aos produtores ofertando capacitação. “O PAS-Leite foca além do atendimento à legislação, questões como aumento do potencial de exportação dos produtos lácteos, melhoria do rendimento dos laticínios, aumento do tempo de prateleira dos produtos, ampliação e manutenção da clientela, aumento de renda dos produtores e demonstração de controle de toda a cadeia”, explicou o Gerente de Produtos de Origem Vegetal da Coordenação de Inspeção Agropecuária do Instituto de Vigilância Sanitária, Fabrinni Monteiro Santos, que detalhou o trabalho realizado com os produtores de Barra do Piraí na implementação do PAS Leite, em parceria com a Firjan/ Vigor.

Além dos programas apresentados, duas experiências bem-sucedidas de Carmo do Paranaíba, em Minas Gerais, e Major Gercino, em Santa Catarina, foram compartilhadas. No município mineiro, o produtor Eudes Braga, contou que o monitoramento constante dos processos permitiu que seu produto atingisse uma qualidade na parte sensorial, com melhora do sabor para o consumidor final. “O achismo ficou no passado. Hoje trabalhando a conscientização junto com o treinamento e rastreabilidade do leite, nosso queijo tem muito mais qualidade e consequentemente ganhou mais mercado”, destacou.

Já em Santa Catarina, um projeto financiado pela Fundação Banco do Brasil permitiu a construção de sete queijarias beneficiando pequenos produtores familiares que produzem o tradicional queijo diamante. A iniciativa também contempla a pesquisa científica, assim como a certificação de que o rebanho está livre de brucelose e tuberculose e cursos de capacitação que ainda não puderam ser todos concluídos por conta da pandemia. “Cerca de 50 famílias foram beneficiadas e promovendo o desenvolvimento rural, valorizando a história e cultura local. Agora estamos buscando a indicação geográfica para o queijo diamante feito artesanalmente e mantendo as tradições. O resultado do trabalho já pôde ser colhido e vários desses queijos, inclusive, já receberam prêmios”, concluiu o extensionista rural Remy Simão.

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