“Pandemia forçou audiovisual a se desenvolver dez anos em um”, afirma Sicav

Líder nacional no desenvolvimento das potencialidades da Economia Criativa, o estado do Rio deveria mirar na indústria do audiovisual, responsável por movimentar R$ 26,7 bilhões anuais até 2018, segundo dados do governo federal, como uma das alternativas capazes de gerar mais emprego e renda em território fluminense. O Rio em Foco desta segunda-feira (05/04) conversa com Leonardo Edde, presidente do Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual (Sicav).

A pandemia afetou significativamente a indústria audiovisual fluminense. De acordo com Edde, as dificuldades apareceram tanto do ponto de vista operacional, em razão das restrições de circulação, quanto do ponto de vista do fomento, já que a crise econômica limitou o financiamento do setor. Porém, segundo ele, a crise gerou oportunidades, acelerando a digitalização dos processos que envolvem a produção audiovisual. “Toda a parte de disponibilização do conteúdo audiovisual tem crescido muito. Com a pandemia, todo o ambiente digital teve que se desenvolver 10 anos em um”, destaca o presidente do Sicav.

Uma das formas de favorecer o crescimento do mercado audiovisual brasileiro e fluminense é o aumento da exposição do mercado de “streaming” a produções nacionais. Leonardo Edde lembra que a Lei da TV Paga (12.485/17) teve importante papel indutor no caso dos canais por assinatura. A norma estabeleceu, para a maior parte dos canais de TV por assinatura, o mínimo de 3 horas e meia de conteúdo produzido no Brasil, com metade desse material obrigatoriamente criado por empresas independentes. “A regulação deve servir como indutora do desenvolvimento da indústria. Desde que a Lei 12.485 foi implementada, nós saímos de 0,8% de ocupação da produção brasileira na TV paga para 18%, quando a obrigação era de 3%”, revela.

Para o presidente do Sicav, buscar a regulamentação do “streaming” deve promover a isonomia entre as plataformas, o que beneficiará todo o mercado. “Se a TV paga é regulada, se as salas de cinema são reguladas, se o antigo home vídeo era regulado, o streaming também deve ser regulado”, avalia.

Leonardo Edde chama atenção para o fato de que ao mesmo tempo em que a digitalização resolve antigos problemas de distribuição do conteúdo, também escancara as diferenças de orçamento entre a produção nacional e as gigantes globais da indústria do entretenimento. “A grande falha do nosso mercado é a diferença de poder econômico entre os players. A minha empresa não consegue se equiparar à Netflix e à Amazon. Não é porque eu sou ruim, ou incompetente é diferença de mercado. Então, a gente precisa de uma regulação que equilibre a concorrência”, argumenta o presidente do Sicav.

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (06/04), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de áudio. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (10/04), às 17h, e domingo (11/04), às 20h.