Tecnologia, sustentabilidade urbana e inovação são os eixos para a construção das cidades do futuro. O debate sobre um novo modelo de cidade foi tema do 1º Seminário Rio Metápolis, realizado na quinta-feira (18/03), e transmitido on-line pelo canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento. O evento reuniu estudiosos e gestores públicos para pensar os desafios e as soluções voltadas a um futuro mais conectado para o Rio de Janeiro. O presidente da Alerj, deputado André Ceciliano, reforçou a importância de maior interatividade e conectividade entre a cidade e o estado. “O município do Rio cumpre um papel fundamental para alavancar a economia do Estado e nós temos tecnologia e criatividade de sobra. A Alerj está de portas abertas para o debate e para a criação de marcos legais que gerem um ambiente favorável para a inovação e integração do nosso estado", destacou.
Algumas mudanças já estão acontecendo na cidade. O Secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, Francisco Bulhões, falou sobre iniciativas legais que criam novos ritos para o licenciamento de empresas e diálogos para atrair importantes eventos de tecnologia e empreendedorismo para a cidade, como o Web Summit e o LabGov.“O Rio tem uma grande vocação para pesquisa, tecnologia e produção de ciência. Nós queremos transformar a cidade para o que de fato ela tem vocação e torná-la a capital empreendedora do nosso país”, afirmou Bulhões. Ele ressaltou a importância da vacinação contra a covid-19 para superar a crise trazida pela pandemia e avançar na construção de uma cidade do século XXI.
Tendências urbanas
O professor da Universidade Federal do Paraná, Mariano de Matos, que participou do primeiro painel do seminário, destacou o papel das tecnologias de informação e comunicação no novo cenário urbano. “Metápolis são as aglomerações urbanas da Era Digital, das novas tecnologias de informação e comunicação. O futuro é de cidades multifacetadas e mais conectadas que vão além do seu recorte geográfico”, explicou.
O painel contou com a participação do Presidente do La Salle Technova Innovation Park, Josep Piqué. Ele foi responsável pela estruturação do 22@Barcelona, um distrito de inovação espanhol que revitalizou uma grande área degradada na cidade. “Hoje, vivemos um desafio global para repensarmos o que é o território. A tecnologia vai ser a chave para ampliar os territórios e seus talentos, que precisam estar em desenvolvimento para que tenhamos as novas cidades do século XXI. Uma cidade sem economia digital não é mais uma opção. É uma necessidade para que haja desenvolvimento econômico”, afirmou.
O seminário abordou alternativas criativas e sustentáveis para geração de energia, como a utilização da energia solar, através de painéis e telhas fotovoltaicas. Esclareceu ainda como o cooperativismo pode ser uma solução para o desenvolvimento e a recuperação econômica, sobretudo no cenário da pandemia. Também citou o papel da indústria 4.0 no bem-estar e em como podemos nos apropriar das novas tecnologias para melhorar o setor da saúde, por exemplo.
Entre outros temas, foi debatido como a economia criativa pode contribuir para o desenvolvimento das cidades. O painel mostrou a importância da cultura e da criatividade para que uma cidade possa ser mais inovadora. Foram apresentados cases de sucesso, como a cidade de Dois Irmãos e o Vale do Sinos/RS, que com o uso da automação reduziu custos de energia e abastecimento de veículos, e criou sistemas inteligentes de videomonitoramento e um sistema de saúde interligado. Outro tópico do evento foi a segurança nas infovias, ou seja, a preocupação com os dados expostos no ambiente virtual.
O último painel trouxe as ferramentas de gestão para as Metápolis: o governo digital, o 5G, a telemedicina; as políticas públicas para as cidades e o desafio que elas enfrentarão para se transformarem em metápolis. O deputado estadual Luiz Paulo (Cidadania) participou da discussão e comentou sobre o projeto de lei de sua autoria e da deputada Lucinha (PSDB) que prevê a criação de um programa estadual de implantação do 5G aqui no estado do Rio de Janeiro. Ele lembrou que cabe aos municípios a implementação dessa rede.
"O estado do Rio de Janeiro precisa urgentemente de um plano estratégico social e econômico e sem conectividade móvel, sem 5G , isso fica muito mais difícil. Verificamos que um dos entraves para implementação dessa tecnologia é a legislação municipal. O estado do Rio tem 92 municípios, e se cada município demorar dois/três anos para aprovar a infraestrutura da tecnologia 5G, nós não vamos caminhar. Por isso, esse projeto é um estímulo para a implantação da tecnologia de conectividade móvel, para que o poder executivo do nosso estado abraçasse a iniciativa. É mostrar aos municípios que aderindo ao projeto eles vão estar trabalhando no desenvolvimento social e econômico do estado", finalizou o deputado.
Texto: Carolina Barreto e Natasha Mastrangelo / Comunicação Alerj