Para mapear solos, Rio deve criar comitê regional, explica Embrapa

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) calcula que apenas 8,6% do solo nacional seja adequadamente mapeado. Isso é equivalente a 1 centímetro a cada um milhão de centímetros de faixa territorial, número ainda muito distante de países com sistemas avançados de agricultura de precisão, como os Estados Unidos, em que a escala de conhecimento do solo é de 1 para 25 mil centímetros. Completando três anos de existência, o Programa Nacional de Solos do Brasil (PronaSolos), lançado para corrigir o problema, colocou no ar uma plataforma digital que fornece acesso público ao sistema de informações geográficas, mapas e dados de solos brasileiros, e pretende lançar, ainda em fevereiro, um comitê executivo regional focado em levantar os dados do solo no estado do Rio de Janeiro. Para falar sobre os próximos desafios do Pronasolos, o Rio em Foco desta segunda-feira (22/02) recebe a chefe-geral da Embrapa Solos, Petula Ponciano.

“O Brasil conhece muito pouco dos solos. Conhecer o tipo de solo de cada região muda a atuação de diversas áreas, não só a produção rural. Impacta, por exemplo, no planejamento da infraestrutura logística em geral, afetando o desenho de rodovias e ferrovias; influencia também na implantação de redes de transmissão elétrica e de telecomunicações, por exemplo “, explica a chefe-geral da Embrapa.

Avançar no zoneamento e mapeamento do solo vai permitir que a plataforma digital recém-lançada incorpore um módulo de gestão e governança que será capaz de fazer a análise e o monitoramento dos diferentes tipos de solo. Petula Ponciano alerta que cada estado brasileiro tem um papel indutor fundamental no levantamento, mas que diferentes arranjos institucionais e parcerias são possíveis de acordo com a característica de cada região. “O Estado é realmente um agente estratégico. Dependendo do perfil da agricultura e do interesse dos segmentos produtivos e de gestão pública de determinado estado é composto um comitê gestor. Eu acredito que o Rio de Janeiro venha com um modelo inovador pela característica que temos no estado e uma preocupação de vários segmentos da sociedade com o tema da sustentabilidade. Quando estamos falando de conhecer os nossos solos, no final estamos falando de sustentabilidade”, pondera.

Embora ainda esteja na primeira fase de implantação, a plataforma digital da Embrapa Solos já oferece dados sobre todas as regiões do país. “A plataforma ainda está na versão 1.0, voltada para técnicos e especialistas. Mas nós planejamos atualizações para que qualquer pessoa possa utilizar as informações”, revela Petula Ponciano.

Para implantar o Pronasolos, o Rio de Janeiro precisa formar um comitê executivo, que deve reunir a Embrapa com a Secretaria Estadual de Agricultura e o setor produtivo fluminense para definir o escopo e o andamento do projeto. “A reunião com o secretário (estadual) de agricultura, Marcelo Queiroz, vai ser muito importante para o PronaSolos. Nela, vamos entender qual é o tamanho do PronaSolos Rio de Janeiro e vamos conversar com o setor produtivo. A Federação da Agricultura do Estado do Rio de Janeiro (Faerj) é um canal importante, assim como a Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) também.

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (23/02), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de áudio. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (27/02), às 17h, e domingo (28/02), às 20h.