Pandemia afetou mais fortemente empreendedoras negras, afirma pesquisa

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 9,5 milhões de mulheres empreendedoras. Só no estado do Rio de Janeiro, elas comandam mais de 900 mil negócios. Uma pesquisa do Sebrae realizada no ano passado mostrou que as mulheres foram as maiores responsáveis por integrar as empresas ao ecossistema de inovação, mas, por outro lado, tiveram menos oportunidades de financiamento. A reflexão sobre que mecanismos podem ser utilizados para equilibrar essa balança é a pauta do Rio em Foco desta segunda-feira (08/02), que entrevistou a coordenadora da comunidade Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Carla Panisset. 

Na entrevista, Carla anunciou que a próxima edição do programa de fomento ao empreendedorismo feminino “ Sebrae Delas” terá nova edição ainda no primeiro semestre.

Neste momento de crise sanitária, em que a inovação é a única saída para ampliar oportunidades, recente levantamento feito pelo Sebrae, em todo país, mostrou que as mulheres têm uma maior capacidade de implementar inovações em suas empresas. Cerca de 42% delas passaram a comercializar novos produtos/serviços, desde o início da crise do novo coronavírus, contra 37% dos homens. Os dados demonstram ainda, que os homens são mais propensos a contrair dívidas do que as mulheres - 53% deles buscaram empréstimo bancário desde o começo da crise, enquanto 54% das mulheres preferiram não se endividar. “A pesquisa aconteceu num momento muito importante, que foi entre setembro e outubro (de 2020), para avaliarmos o impacto do coronavírus nos negócios. Ela foi feita com mais de 6 mil respondentes no país todo e nós pudemos perceber que existiu uma diferença no impacto da pandemia nos negócios liderados por mulheres. Os negócios sob liderança feminina tiveram maior queda no faturamento quando comparados aos empreendimentos chefiados por homens”, revelou a coordenadora do Sebrae.

Panisset conta que ao adicionar um recorte étnico à pesquisa, a desigualdade de acesso aos instrumentos de fomento ao empreendedorismo fica ainda mais evidente. “Se as mulheres tiveram mais dificuldades nesse período da pandemia, as mulheres negras foram ainda mais afetadas. Elas, por exemplo, se endividaram muito mais do que as mulheres brancas”, destaca.

O levantamento do Sebrae também mostrou que mulheres têm menos acesso ao crédito, mesmo adicionando mais inovação ao mercado. Para ajudar a encontrar a melhor alocação de recursos tão escassos, a instituição de fomento realiza o programa “Sebrae Delas” com o objetivo de tornar os negócios liderados por mulheres mais competitivos, além de promover a sensibilização e a articulação de atores estratégicos relacionados ao empreendedorismo feminino. “Ser uma empreendedora exige aquisição de habilidades que muitas vezes nós, mulheres, não temos. O programa Sebrae Delas pega todas as dificuldades (mapeadas pelas pesquisas) e trabalha numa trilha de desenvolvimento dos negócios liderados por mulheres, ajudando-as na formação de seus negócios, no acesso a crédito e também na formação de redes, que ajudam as empreendedoras a suportar suas atividades e gerar trabalho e renda”, detalha.

Carla Panisset anunciou que a edição de 2021 do programa “Sebrae Delas” será lançada entre março e abril e trará oportunidades para todas as regiões do estado do Rio. “O edital do ‘Sebrae Delas’ vai ser publicado na nossa página na internet e nas nossas redes. A gente vai ter 11 turmas em todo o estado do Rio. Nós vamos regionalizar para ajudar a formar a rede local”, avisa a coordenadora do Sebrae.

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (09/02), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de áudio. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (13/02), às 17h, e domingo (14/02), às 20h.