O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística avalia que o feijão está entre os alimentos preferidos do brasileiro e é consumido regularmente por 60% da população. Esse é um cenário que já está presente no imaginário da população, a novidade é perceber que o Rio de Janeiro é um dos protagonistas desta história: a Universidade Estadual Norte Fluminense (UENF) realizou uma pesquisa que catalogou que em solo fluminense são plantados 270 tipos diferentes de feijão-comum. O grão é um verdadeiro guardião da agrobiodiversidade do estado. As pesquisadoras Rosana Rodrigues e Thâmara Figueiredo falam ao Rio em Foco desta segunda-feira (30/11) sobre a publicação que traz informações importantes sobre a imensa biodiversidade das sementes de feijão e a rede de agricultores envolvidas no processo.
O "Catálogo da Diversidade de Feijão-comum do estado do Rio de Janeiro”, é um trabalho concebido para valorizar e celebrar os guardiões e guardiãs da agrobiodiversidade fluminense, bem como a rede de trocas estabelecida entre os agricultores, os escritórios de extensão da Emater em 29 municípios e a UENF. Essa publicação é resultado de um estudo que mapeou a diversidade, os usos e as preferências, o manejo e a conservação das variedades de feijão-comum em sistemas agrícolas tradicionais fluminenses. “Esse trabalho é resultado da pesquisa realizada pela Thâmara Figueiredo em seu doutorado. Por meio dele pudemos constatar a grande variabilidade existente no que tange ao cultivo do feijão”, disse a professora Rosana Rodrigues.
Thâmara Figueiredo descobriu seu objeto de pesquisa ao perceber que uma pesquisa nacional subestimava a agrobiodiversidade das espécies de feijão no estado e não informava adequadamente sobre as regiões e práticas de cultivo. “O banco genético da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ) estava subamostrado e, além de tudo, quando a gente pesquisava os dados de levantamento agrícola dos municípios , nós encontrávamos poucas informações sobre área cultivada, sobre produção e menos ainda sobre a diversidade que é o foco do meu trabalho”, explicou a pesquisadora.
A pesquisa colheu informações de 29 municípios do estado e reúne dados de todas as regiões do estado, com exceção da região metropolitana. “ Além do mapeamento agrícola , acho que conseguimos demonstrar uma boa parte da diversidade socioeconômica e ecogeográfica do estado: (pesquisamos) desde comunidades quilombolas em Araruama (Região dos Lagos), até municípios caracterizados pela colonização italiana e suíça, como é o caso dos municípios da Região Serrana”, detalhou Thâmara Figueiredo.
A professora Rosana Rodrigues destaca que a agrobiodiversidade dos vários tipos de feijão colabora tanto para a segurança alimentar, quanto para a preservação do patrimônio cultural de cada região, além de importante herança genética. “ Além das questões culturais de segurança alimentar, o código genético destas plantas guarda informações importantes sobre resistência a pragas de fungos , vírus e bactérias e insetos predadores de lavouras. São espécies que podem contribuir com as práticas de melhoramento genético de outras plantas no futuro” , contou Rosana Rodrigues
Todas as amostras coletadas agora são parte do banco de sementes da UENF. Passaram por todas as etapas de identificação fenotípica e, agora estão na etapa de rastreamento genético. “Nós estamos na etapa de identificação dos genes de resistência à doenças bacterianas do feijoeiro. Existe também o interesse de preservação das sementes para devolver aos produtores, caso por algum motivo, eles precisem de novas amostras para plantação”, informou Rosana Rodrigues.
O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (1/12), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de Podcast. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (5/12), às 17h, e domingo (6/12), às 20h.