Para especialista, setor de alimentação fora do lar deve ter recuperação de 20% em 2021

De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), em 2019, a alimentação fora do lar que inclui o food service e o varejo alimentício movimentou R$ 560 bilhões em todo país. Mas, segundo a sócio-fundadora e CEO da Gouvêa Foodservice, Cristina Souza, a pandemia do novo coronavírus impactou fortemente o setor e impulsionou mudanças importantes como a digitalização. Na entrevista ao programa Rio em Foco que vai ao ar nessa segunda-feira (23/11), Cristina explica que são quatro os indicadores que mais influenciam o ambiente de negócios do food service: a inflação; o desemprego; o otimismo do consumidor com relação ao cenário financeiro; e a renda total disponível para aquisição de bens de consumo.

“Todas estas variáveis juntas fazem pressão bastante grande sobre o setor. No pico da pandemia por exemplo, em março, o setor registrou um recuo de 73% em relação ao mês de fevereiro. Ou seja, foi uma queda muito grande”, lamenta.

Ela acrescenta que a pandemia também forçou a digitalização do setor de alimentação fora do lar. “As pessoas tinham uma resistência quanto à digitalização, mas a pandemia acelerou a mudança. Qualquer pessoa, de qualquer idade, passou a utilizar de alguma forma os aplicativos. Seja por conforto, ou, em muitos casos, pela segurança”, diagnosticou a executiva, que antes da pandemia previa um potencial de crescimento de até dois dígitos para o segmento, e durante esta crise, constata atualmente uma retração de 20% na demanda em relação ao período anterior à pandemia.

O food service envolve várias funções da cadeia produtiva ligada à alimentação: “Ele envolve todo e qualquer estabelecimento onde as refeições são preparadas fora de casa: a padaria, o botequim, o restaurante e até mesmo os locais em que consideramos que alimentação é subsidiada, como as escolas e os hospitais", esclarece.  

Houve adaptação das embalagens, dos cardápios, uma adequação da estrutura física e do tamanho da equipe. Um ponto bastante importante neste momento de repensar o setor é a miniaturização dos espaços (de atendimento), com consequente redução de despesas como aluguéis, mas elevação de custos relacionados à embalagem, à entrega e a processos de produção para manter a qualidade do que está sendo oferecido”, explica.

A sócio-fundadora e CEO da Gouvêa Foodservice explica que a retomada do setor de alimentação fora do lar passou por uma rigorosa adequação sanitária. O objetivo é passar segurança aos consumidores e reduzir eventuais possibilidades de contaminação. “As normas e procedimentos de produção são extremamente rigorosos, os restaurantes trabalham com muita qualidade neste sentido, mais de 90% das ações já eram muito eficientes. Com o coronavírus, foram colocadas camadas adicionais (de segurança) desde o recebimento do produto, até o processamento, e muito mais na embalagem. Houve empreendedores que colocaram uma embalagem a mais no produto para que o cliente tivesse mais segurança”, destaca.

De acordo com Cristina Souza, se a projeção do Boletim Focus, do Banco Central, se mantiver nos atuais 3,34% de expansão do Produto Interno Bruto (PIB), em 2021, a tendência é que o cenário do setor de food service seja de retomada do faturamento de 2019. “Se o cenário previsto para 2021, de termos um PIB positivo de (aproximadamente) 3,5% (se confirmar), a gente chega em dezembro de 2021 como um setor recuperado, com o mesmo faturamento do final de 2019”, analisa.

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 10.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (24/11), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de Podcast. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (28/11), às 17h, e domingo (29/11), às 20h.