Período de pandemia estimula interesse do carioca em conhecer a própria cidade

Com a pandemia da Covid-19, o interesse da população carioca por visitar atrativos turísticos do Rio cresceu em 9%, segundo pesquisa do Núcleo de Pesquisa em Turismo da Unigranrio (NPTur). Hoje, o turista se preocupa 79% a mais com as condições sanitárias do destino, que antes da pandemia. A preocupação com a lotação nos serviços turísticos também aumentou 81%. Diante do crescente cuidado com a saúde e as consequentes medidas de isolamento social, iniciativas buscam estimular o chamado “turista residente” a conhecer mais a sua cidade e estado, além de tornar-se um embaixador do próprio destino.

Desde o Jogos Olímpicos de 2016, pesquisadores de Turismo vêm percebendo uma mudança no perfil dos cariocas, que querem visitar os atrativos turísticos da própria cidade, e esse interesse tem sido maior com a pandemia do novo coronavírus. “Independentemente da disponibilidade financeira, existe uma propensão menor, pelo contexto de pandemia, de viagens nacionais a lazer e internacionais. Quando esse carioca vê que a cidade está renovada, tem uma certa segurança, está mais cuidada e limpa, ele também tem esse desejo de vivenciar esse Rio que não é só para gringo”, afirma a pesquisadora do NPTur, Paola Lohmann.

Entendendo esse interesse, surgem iniciativas como o “Redescubra Rio”, uma parceria entre os principais atrativos turísticos da cidade e a Prefeitura do Rio, que oferece desconto nos ingressos aos moradores do estado. De acordo com o Diretor Institucional de Sustentabilidade do Grupo Cataratas, Fernando de Sousa, o momento de retomada foi de união entre o trade turístico carioca que, juntos, criaram um protocolo único de reabertura para garantir segurança e, ao mesmo tempo, a viabilidade dos atrativos. Segundo ele, esse encontro também abriu a possibilidade de, no futuro, criar pacotes em conjunto para os mercados emissivos, que enviam turistas para a cidade do Rio. “A gente tem o privilégio de poder visitar uma cidade que todo mundo no mundo quer conhecer”, afirma.

Lohmann, que também é doutoranda em Turismo pela Universidade de Aveiro, em Portugal, reitera a importância de os gestores públicos e privados olharem para o turista residente como um potencial consumidor dos produtos turísticos. “A partir do momento em que você tem um residente que conhece melhor a cidade, ele pode, em um outro estágio dessa pandemia, ou quando ela passar, divulgar mais o seu destino. Esse consumidor residente é informado, conectado às redes sociais e responsável com o meio ambiente. É necessário esse trabalho de cuidar do destino, de criar um turismo responsável e com todos os protocolos, que são importantes dentro de um contexto de pandemia”, ressaltou.

A pesquisadora também defende o fomento ao ecossistema de inovação de turismo na cidade, e uma maior interação entre a academia, os setores público e privado e a sociedade civil. De acordo com ela, a articulação entre esses setores ainda é pouco desenvolvida e precisa ser estimulada. “A academia pode fazer uma pesquisa que tem uma entrega para o território, que contribua para que os empresários tenham ações mais assertivas, com embasamento científico. E que esse setor público possa legislar, atuar e realmente fazer a gestão da política pública tendo esses diferentes olhares, articulando esses diferentes atores, e em especial tendo um olhar para  sociedade civil que é quem vivencia os efeitos das atividades turísticas antes, durante e depois”, afirmou.

O resultado parcial da pesquisa “Os efeitos da pandemia no turismo do Rio de Janeiro”, realizada pelo NPTur e coordenada pela professora Deborah Zouain, já está disponível, mas a coleta de dados continua, e para participar clique aqui.