Rio de Janeiro ganha primeiro parque de reciclagem do estado

Plástico, papel, objetos eletrônicos, vidro... todos esses materiais que antes seriam descartados como lixo, ao final da sua vida útil, agora podem valer dinheiro para qualquer cidadão carioca. A cidade ganhou em agosto deste ano, o primeiro parque de reciclagem do estado, o Rio Park Recicla. O local, em Realengo, Zona Oeste, permite que todo o material reciclado seja trocado por um crédito, que pode ser usado para pagar contas de celular e de luz, assim como o comercio previamente cadastrado. O Rio em Foco desta segunda (28/09) conversa com o presidente da Organização Não Governamental (ONG) Ecco Vida, Edson Freitas, sobre esta iniciativa, que deve gerar dezenas de postos de trabalho para os catadores da região.

"A gente uniu esta cadeia produtiva para atender uma demanda que já existe. Hoje falta matéria prima na indústria da reciclagem, porque temos muita destinação inadequada de resíduos. Um quilo de garrafas-PET é como se fosse um dólar, jogá-las no lixo é como jogar dinheiro fora. O Rio Park Recicla pode ser comparado a uma casa de câmbio que troca material reciclável por dinheiro”, explica Freitas.

O projeto é um piloto e poderá ser levado para outros bairros. A ideia é criar agências de coleta seletiva que encarem os resíduos não-orgânicos como recursos financeiros e reembolsem os consumidores que descartam o material, usando uma moeda social aceita no comércio local e em transferências bancárias. “Para cada tonelada reciclada, nós vamos conseguir gerar dez empregos nesse momento tão difícil que estamos vivendo”, comemora o presidente da Ecco Vida.

Muitos catadores estão tendo acesso pela primeira vez a uma conta bancária pessoal, a partir da conta digital vinculada ao cartão Rio Park Recicla. “Antigamente os catadores precisavam acumular uma grande quantidade de resíduos para poder trocar pelo dinheiro no final do mês. Agora, com a conta digital, é possível ir depositando diariamente. Nós cadastramos o comércio local para estimular a economia do bairro, mas é possível transferir o recurso para uma conta bancária pessoal e gastar em outros lugares”, detalha Edson
Freitas.

Além da agência de coleta seletiva e da moeda social, o Rio Park Recicla ainda possui mais dois pilares que amplificam o impacto social do projeto: um aplicativo, que inclui uma calculadora ambiental para monitorar os resíduos sólidos, e, por último , o centro de capacitação voltado para a cadeia produtiva da reciclagem. “Nós estamos capacitando as pessoas com noções de educação ambiental, orientando-as sobre a melhor forma de separar o seu lixo e entender o que é e o que não é reciclável. Além disso, estamos formando um banco de dados que vai assegurar a rastreabilidade das embalagens, aperfeiçoando a logística reversa", descreve Freitas.

A calculadora ambiental, disponível no aplicativo para celular do Rio Park Recicla, permite ao usuário calcular a pegada ambiental deixada pelo seu material reciclado: quantos empregos gerou, quanto de emissão de gás carbônico está deixando de produzir. “É uma fonte de informação para as pessoas sobre o impacto ambiental e a quantidade de emprego e renda que geram com a atitude. A ideia é fazer com que se sintam parte integrante desta cadeia produtiva, quando visualizarem que uma simples atitude de cidadania vai permitir que milhares de postos de trabalho sejam gerados e os recursos naturais sejam poupados”, entusiasma-se o presidente da Ecco Vida.

O Rio Park Recicla já conta com um serviço de “Drive Thru” para recebimento dos resíduos sólidos recicláveis; o centro de capacitação técnica e profissional voltado para a cadeia produtiva da reciclagem; e terá uma usina de biodiesel para reaproveitamento do óleo de cozinha usado; além de um shopping com produtos recicláveis e de reuso para revenda de materiais descartados que ainda tiverem vida útil.

Toda essa pujança não vai acirrar, segundo Edson Freitas, a competição entre pessoas que apenas destinam seu lixo doméstico para reciclagem e catadores que recolhem o material como parte de sua atividade profissional. "O Brasil só recicla 3% do seu lixo. Além disso, nós teremos um cartão especial para os catadores com uma bonificação melhor e que ainda faz uma conexão direta entre empresas e catadores, cortando atravessadores e gerando mais valor agregado para os trabalhadores", revela o presidente da ONG Ecco Vida.

Existe também a possibilidade de doar os recursos arrecadados com a reciclagem do lixo para instituições de caridade. Para saber mais acesse aqui.

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 15.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (29/09), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de Podcast. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (03/10), às 17h, e domingo (04/10), às 20h.