Construção de cidades inteligentes passa pela colaboração entre empresas, sociedade e governo

O futuro das cidades e o uso das tecnologias no planejamento urbano foram debatidos no dia 25 de agosto, em um seminário on-line realizado pela Amcham-Brasil (Câmara de Comércio da América). O evento “Cidades Inteligentes: A Colaboração como Caminho para o Futuro” contou com a participação da secretária-geral do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico, Geiza Rocha, além de representantes de universidades e empresas na busca por saídas que atendam as demandas da sociedade. Na ocasião, os especialistas defenderam que não é possível estabelecer um padrão para as cidades inteligentes e que a construção dos centros urbanos precisa levar em consideração as particularidades locais.

Durante a sua apresentação, Geiza destacou a importância de auxiliar os municípios nesse caminho, já que não existe um único modelo para as cidades inteligentes e que a população precisa ser ouvida para saber o que de fato a atende e vai de acordo com os seus anseios.

“No Fórum trabalhamos o papel do estado na coordenação de ações para conseguir trazer as inovações junto ao governo federal, e o diálogo com as cidades para que elas possam caminhar. Aprendemos muito rápido essa necessidade de ativar os municípios, já que são eles que regulam a maior parte das coisas que se referem ao dia a dia do cidadão. Não adianta o parlamento estadual legislar sem entender que é nos municípios que a execução ocorre e precisamos da junção desses atores para pensar em soluções”, explicou.

Segundo o cofundador do ICities, Beto Marcelino, também moderador do evento, a tecnologia empodera o cidadão, que passa a expor a sua dor, e o gestor público precisa estar preparado para responder a isso de forma rápida. “A transparência pode aproximar o serviço público do cidadão e contribuir na construção de cidades inteligentes”, afirmou.

Já o doutor em Sociologia (USP) e pesquisador colaborador no Instituto de Estudos Avançados (IEA) do Programa Cidades SP, Marcelo Nery, reforçou a necessidade de as cidades inteligentes serem também democráticas. “A tecnologia pra mim é um meio e não um fim. A cidade inteligente que eu penso é aquela que atende as demandas das pessoas. Porém, as demandas não são as mesmas dentro dos diversos grupos sociais, já que eles não são atingidos da mesma maneira”, frisou.

No painel também foi apresentado o case do Porto Digital, parque tecnológico construído no centro do Recife, que completa 20 anos de criação e reúne 339 empresas entre startups e outras já consolidadas no mercado.

“Hoje enfrentamos problemas que poderiam já ter sidos solucionados se houvesse não apenas vontade política como união da sociedade. Uma cidade inteligente é uma cidade colaborativa e que age de forma coletiva”, disse o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena.

Sobre o atual momento de crise sanitária, Pierre demonstrou sua preocupação com a sobrevivência das startups.  “Elas estão sendo varridas do mercado. É preciso investir também em programas de formação profissional para trabalhar nessa área, porque temos uma mão de obra escassa, assim como investir em programas de empreendedorismos. Vamos sentir o efeito da ausência disso muito em breve”, concluiu.