Tecnologia aliada à capacitação pode alavancar retomada do setor de flores do estado

O Rio de Janeiro é o segundo maior produtor de flores do país. Com um faturamento bruto de R$200 milhões em 2019, a atividade envolve cerca de mil famílias concentradas na Região Serrana e na capital. A previsão para 2020 era de crescimento. Porém, o setor foi um dos mais impactados durante a pandemia e precisou se reinventar após o fechamento do comércio e cancelamentos de eventos. As ações e o aprendizado trazidos por esse período foram debatidos nesta quinta (03/09) durante um painel on-line da Câmara de Desenvolvimento Sustentável. Para os especialistas, a tecnologia será fundamental na retomada do setor, que precisa vir acompanhada da capacitação dos produtores. 

“A crise da covid-19 derrubou o planejamento da noite para o dia. No início foi difícil vislumbrar uma solução que viabilizasse as vendas”, disse o técnico da Emater, Martinho Belo. Foi apenas em maio, com o Dia das Mães - considerado o "Natal" do setor - que a Secretaria de Estado de Agricultura, junto à Emater, Embrapa e demais atores como associações e cooperativas conseguiram se articular para desenvolver uma campanha de marketing e distribuição dos produtos “Conseguimos com isso potencializar as vendas e ter um resultado expressivo. No caos vimos que o setor tem uma pujança muito grande se conseguirmos trabalhar organizados. Nossa flor é de qualidade. Precisamos manter isso para evoluirmos ainda mais”, afirmou Belo.

O presidente da Associação dos Agricultores Familiares e Amigos da Comunidade de Vargem Alta (AFLORALTA), Amauri Verly, falou sobre o cenário atual. “Estamos seguindo devagar e apostando numa melhora aos menos para cobrir as despesas nesse momento”, disse.

Para a pesquisadora da Embrapa Agrobiologia, Adriana Aquino, a pandemia reforçou a necessidade da adoção da inovação tecnológica no campo, seja para reduzir custos ou aumentar a produtividade, mas para que isso se torne possível será preciso investir em capacitação.

“No início das medidas restritivas, a maioria dos produtores nunca tinha trabalhado com vendas online. Acredito que eles precisarão se abrir para a inovação porque caso contrário não haverá transformação econômica e social e estarão fadados ao fracasso. Porém, o produtor não tem estrutura e conhecimento. Será preciso capacita-los e pensar em políticas públicas para que a internet chegue ao campo”, destacou Aquino.

Durante o encontro ela apresentou a iniciativa Vamos Florir do Bem. Ele surgiu da necessidade de absorver as flores que estavam sendo jogadas fora e capacitou 12 pessoas para trabalhar na criação de arranjos, gerando emprego e renda em Nova Friburgo e região.

Já a analista da Embrapa Solos, Claudia Machado, acredita que o caminho para a retomada e desenvolvimento da floricultura no estado está no arranjo multi-institucional junto com a conectividade, tecnologia e capacitação. “Precisamos reunir de entidades como a Embrapa, Emater, universidades e instituições de ensino para ações mais efetivas e cobrar políticas públicas e investimentos na região”.

Segundo a secretária-geral do Fórum da Alerj de Desenvolvimento do Rio e mediadora do painel, Geiza Rocha, o evento foi rico buscando identificar as medidas que precisam ser tomadas para ativar o setor e a economia local. “Esse encontro ajuda a pautar ações para o legislativo nos próximos meses em busca da retomada do desenvolvimento do Rio de Janeiro”, concluiu.

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