Produtores de Flores usam novas tecnologias para recuperar receitas e ampliar mercado

Levantamento do Instituto Brasileiro de Floricultura estima queda de R$ 1,3 bilhão em receitas devido à pandemia do novo coronavírus. A suspensão de eventos, comemorações e cerimônias, locais de maior consumo flores de corte, foi um dos principais fatores que contribuíram para a queda na arrecadação. Só no estado do Rio, as perdas chegam a R$ 100 milhões. Para falar sobre as medidas adequadas para minimizar o impacto do isolamento social no segmento, o Rio em Foco desta segunda-feira (07/09) entrevista o engenheiro agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio (Emater-Rio), Martinho Belo Costa Ferreira, e a pesquisadora da Embrapa Agrobiologia, Adriana Maria de Aquino.

Responsável por 209 mil postos de trabalho em todo país, o setor de flores entrou em colapso com o fim dos eventos presenciais em meados de março deste ano. “O mercado de flores simplesmente parou da noite para o dia, quando foram proibidas festividades como casamento, festas de debutantes e aniversários. Houve redução de 80 a 85% no consumo de flores no nosso estado”, afirmou Martinho Belo.

O estado do Rio é o segundo maior pólo de produção de flores de corte nacional e conta com cerca de 913 produtores de plantas ornamentais. Em solo fluminense são cultivadas mais de 2.500 espécies e 13.000 variedades de plantas que geram por volta de 18.000 empregos, segundo o governo do estado. Para sustentar este ramo da economia durante a crise, o setor recebeu apoio da Secretaria Estadual de Agricultura por meio do “Programa Florescer”, em que os agricultores recebem instruções técnicas, apoio na implantação de novas tecnologias de produção e capacitação. Além disso, o Agrofundo, projeto de fomento da pasta, ofereceu empréstimos a juros baixos para a realização de investimento.

Uma das iniciativas que germinaram desta política pública foi um programa de fidelidade que distribui flores em Nova Friburgo, na região Serrana do Rio, a um clube de assinantes. “A ideia é que os produtores de flores agreguem valor à produção e promovam a venda dos produtos on-line. Assim surgiu as “Floristas do Amparo”: são 12 pessoas que haviam perdido emprego durante a pandemia e agora foram qualificadas para produzir os arranjos que são vendidos num clube de assinatura mensal, semanal, individual ou comercial”, descreve Adriana de Aquino.

A adesão do mercado de flores de corte ao e-commerce foi um sucesso. Segundo Martinho Belo, a iniciativa mostrou o potencial que a internet agrega ao varejo deste tipo de produto. “Foi uma loucura. A demanda cresceu tanto que não conseguimos atender. Isso mostrou a necessidade de nos organizarmos em termos de gestão e de e-commerce”, diagnosticou o engenheiro agrônomo.

Para evitar que o reaquecimento do mercado de flores de corte sirva de vetor para a transmissão do novo coronavírus, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está elaborando uma cartilha com recomendações sanitárias a serem adotadas na produção agrícola. “Estamos fazendo uma cartilha abrangente para que os produtores saibam como realizar a limpeza de ferramentas e embalagens, e entrar em contato com os trabalhadores envolvidos em outros elos da cadeia e com os clientes”, noticiou Cláudia Delaia Machado, analista de transferência de tecnologias da estatal.

O Rio em Foco é exibido segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 15.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (08/09), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de Podcast. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (12/09), às 17h, e domingo (13/09), às 20h.