Acessibilidade plena envolve as dimensões física, de conteúdo e de atitude

No primeiro evento da série de painéis que o Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado promoveu sobre acessibilidade realizado nesta quarta-feira (22/07), a arquiteta Gabriella Zubelli, membro da Comissão Permanente de Acessibilidade da Prefeitura do Rio e especialista em acessibilidade física e cultural, falou sobre acessibilidade plena, demonstrando a partir de imagens e contrastes o caminho para conquistá-la.

De acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei federal 13.146/15), acessibilidade é a condição para que uma pessoa com deficiência utilize com segurança e autonomia espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação de forma a garantir o exercício pleno da cidadania e participação social. Segundo Zubelli, este patamar definido na norma é alcançado mobilizando três formas principais de acessibilidade: a atitudinal, de conteúdo e física. “A acessibilidade plena envolve estas três dimensões, mas só quem pode definir se um espaço é 100% acessível é o próprio usuário porque o que é acessível para uma pessoa, pode não ser para outra”, explica a arquiteta.

Gabriella Zubelli indicou algumas maneiras de tornar espaços mais acessíveis, sempre com o intuito de fomentar a autonomia da pessoa com deficiência.  Rampas, pisos e mapas táteis, comunicação clara e intuitiva ajudam a melhorar a experiência dos usuários. “Na acessibilidade física é importante entender para que serve cada recurso. Se houver um obstáculo em frente a uma rampa, por exemplo, ela pode se tornar inacessível. Uma pessoa com deficiência quer fazer o mesmo percurso que uma pessoa sem deficiência. Ela não quer entrar pela entrada de serviço, não quer ser carregada. A pessoa com deficiência quer simplesmente ter a experiência por completo, sem obstáculos”, esclarece Zubelli.

A arquiteta destacou também maneiras de tornar conteúdos mais acessíveis legendando e adicionando intérpretes de LIBRAS às “lives” e aos vídeos e colocando a descrição das imagens nas postagens das redes sociais.

Não ao capacitismo

Capacitismo é a tendência a reduzir uma pessoa com deficiência à condição funcional de seu corpo, considerando-a inapta para cuidar da própria vida. Gabriella Zubelli lembrou durante a palestra a importância de combater o capacitismo, respeitando a autonomia da pessoa com deficiência.

“De nada adianta assegurar a acessibilidade do conteúdo e do espaço se você bate na barreira atitudinal. Muitas vezes uma pessoa com deficiência não quer ajuda, quer realizar as tarefas com autonomia, mas logo aparece alguém colocando a mão. Isso é uma forma de preconceito, porque a pessoa é tratada como se pudesse realizar menos do que é capaz”, sublinha Zubelli.

A arquiteta afirmou que a acessibilidade plena é alcançada quando a pessoa com deficiência consegue chegar ao espaço com conforto, autonomia e segurança, ter acesso ao conteúdo, sendo bem atendida e respeitada. Mas, segundo ela, em casos que ainda não é possível chegar a este patamar, o melhor caminho é informar aos usuários sobre as restrições de acesso.

“É importante mapear os lugares e informar qual o nível de acessibilidade que há em cada local. É preciso assumir que o local não é 100% acessível e comunicar isso. Assim, a pessoa entende quais os recursos que estão disponíveis e o que é viável para ela. É preciso informar (por exemplo) qual o tipo de piso do local, se há bancos que permitem aos idosos descansar, os tipos de degrau e as formas de acesso” enumera Zubelli.

O Fórum Capacita tem como objetivo gerar oportunidades de aperfeiçoamento para os agentes públicos em geral. O próximo painel será realizado no dia 31 de julho e terá como temática acessibilidade, conforto e saúde nos edifícios públicos. Este primeiro painel já está disponível no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico no YouTube.

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