Rio em Foco debate os desafios da implantação do 5G no estado

Carros autônomos que funcionam comandados por inteligência artificial, sem a necessidade de um motorista humano, transmissão de hologramas, uso de realidade virtual para recriar ambientes. Todas essas possibilidades que mexeram com a imaginação dos grandes escritores de ficção científica do século XX podem se transformar em realidade com a chegada da conexão 5G ao Brasil. As maiores operadoras de telefonia do país começaram a testar, neste mês, o uso da tecnologia de quinta geração para aparelhos móveis. Para falar sobre a revolução que acompanha o novo padrão de conectividade, o Rio em Foco que vai ao ar nesta segunda-feira (27/07) recebe o presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), Luciano Stutz.

Algumas cidades fluminenses, como a capital e Búzios, receberam instalações experimentais da nova tecnologia que está prevista para ser comercializada em 2022. “A chegada do 5G não representa só um aumento de velocidade de conexão, mas uma gama de serviços muito maior será possível por conta da queda da latência da velocidade”, explica Stutz.

Latência de velocidade da internet é o tempo que uma solicitação de transferência de dados leva para ocorrer de um ponto ao outro. A velocidade da internet é avaliada medindo a latência e a largura de banda. A alta latência é um dos gargalos da internet brasileira. Essa característica limita, por exemplo, a participação do país na indústria de jogos eletrônicos, que movimentou mais de US$ 120 bilhões em todo o mundo no último ano. A queda na latência será possível porque o 5G utiliza frequências muito mais altas que o padrão anterior, exigindo a instalação de novas torres de transmissão para funcionar adequadamente.

“Como frequências muito mais altas serão usadas, precisaremos de mais pontos de irradiação. Da mesma forma, a necessidade de integração dos pontos fixos e móveis no 5G também demanda um número de antenas muito maior que o requisitado para o 4G. Além disso, a rede móvel precisa ser integrada utilizando fibra ótica. Ou seja, estamos falando de mais pontos de fixação para as antenas, mais infraestrutura de suporte e muito mais cabos de fibra ótica atravessando as cidades”, explica Luciano Stutz.

Pandemia causa atraso nos leilões de frequência

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) previa o lançamento do edital de licitação para este ano, mas já admite que as medidas sanitárias necessárias ao combate do Coronavírus vão atrasar o cronograma. "Já houve a consulta pública do edital de licitação pela Anatel, a pandemia entrou no meio disso tudo. A gente agora tem a expectativa de que o leilão vai ficar para 2021 e teremos as redes funcionando provavelmente no segundo semestre de 2022”, avalia Stutz.

O presidente da Abrintel considera que a conectividade 5G pode alavancar o ensino à distância e estimular a economia, reduzindo a desigualdade. "Aprendemos muito na pandemia. Fomos incluídos dentre dos setores essenciais por um decreto federal, sabemos o quanto a nossa influência na vida das pessoas é grande nesta vida remota de 'Delivery' de ensino à distância, de reunião on-line. Essa infraestrutura é a base da conectividade que vai reduzir a desigualdade social”, argumenta Luciano Stutz.

De acordo com Stutz, para acelerar a modernização da infraestrutura necessária ao 5G será preciso atualizar as leis municipais de ocupação do solo, principalmente quanto aos procedimentos e prazos para licenciamento de infraestrutura de suporte. “O setor se modernizou e o uso de novos equipamentos para atender essa realidade precisa estar refletido na leis. Se a lei não acompanhar a tecnologia atual, a gente não consegue implantar. A lei não pode ser permissiva demais, mas também não pode restringir a implantação da infraestrutura”, pondera.

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 15.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (28/07), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de Podcast. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (01/08), às 17h, e domingo (02/08), às 20h.