Negócios de Impacto Social do estado se reinventam durante pandemia

Os negócios de impacto vêm desempenhando um importante papel durante a pandemia da Covid-19. São diversas ações para mitigar os efeitos da crise na vida da população mais desassistida das favelas e periferias do estado. Dentro desse grupo, as mulheres são o grupo de maior vulnerabilidade econômica e, portanto, o mais impactado pelas medidas de contenção do novo coronavírus. O Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico reuniu nesta quinta (25/06) representantes de alguns desses empreendimentos de impacto para uma roda de conversa por videoconferência para conhecer um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido por eles. O encontro pode ser assistido na íntegra aqui.

“As mulheres da periferia inovam todos os dias para sobreviver. Precisamos construir a sobrevivência com a oportunidade”, contou a criadora da Josefinas Coletivo Colab e Espaço Cultural, Aira Luana, que classifica seu negócio como uma escola de impacto social. Criada em 2019, hoje atende 200 mulheres em Campo Grande, na Zona Oeste da capital fluminense, em busca do protagonismo feminino periférico. “Trabalhamos com três pilares que são o empreendedorismo social, o autocuidado - já que não adianta apenas empreender se essa mulher está depressiva, por exemplo – e enaltecendo nossos valores ancestrais com a cultura indígena e africana. Porém, a pauta racial é sempre a nossa primeira pauta”, frisou Aira, que conseguiu atender 3600 assistidas nessa pandemia, além das que já faziam parte da rede com a contribuição de parceiros e com a preocupação de estimular a economia local.

A Moda By Comunidade, empreendimento de impacto que existe desde 2003, capacitando mulheres de comunidades para o mercado de trabalho como costureiras, modelistas, além de promover oficinas solidárias de corte e costura por meio de ações sociais, se reinventou durante a pandemia. Uma das saídas encontradas para a geração de renda emergencial foi a confecção de 15 mil máscaras por costureiras de municípios da Baixada Fluminense. “Mesmo com tudo que está acontecendo, a gente conseguiu gerar renda para as nossas costureiras e também para motoristas de aplicativos, já que nossos clientes estão localizados em bairros da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro”, disse Dulcilene, fundadora da Moda By Comunidade.

Já a Espaço M.A.L.O.C.A, criado para feiras de artesanatos em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, viu crescer o número de famílias cadastradas para receber cestas básicas drasticamente durante o isolamento social. “Antes dessa crise, tínhamos 50 famílias cadastradas, e de repente esse número pulou para mais de 350 e hoje já entregamos mais de 680 cestas. Contamos com a doação de parceiros para atender as demandas básicas dessas pessoas”, contou Ana Félix que está à frente da iniciativa. “Precisamos muito de recursos que nem sempre são financeiros”, afirmou ela exemplificando a parceria com psicólogos. “Passamos a atender de forma on-line muitos casos de violência doméstica que tiveram o apoio de psicólogos”, disse.

Em comum, todos esses negócios fazem parte da Rede Cooperativa de Mulheres Empreendedoras e contam com o apoio da incubadora de negócios sociais Impacta Mulher. “Eu acredito na construção de uma rede, junto com toda a sociedade civil, entendendo que fazemos parte de uma grande cadeia”, frisou Aira.

Comitê Estadual

O encontro teve a mediação da secretária-geral do Fórum, Geiza Rocha, que destacou a importância da Lei nº 8.571/2019, aprovada pela Alerj, e que prevê a criação de um Comitê Estadual e Investimentos e Negócios de Impacto Social com participação paritária entre órgãos do Poder Executivo, instituições e organismos representativos do setor produtivo. “Estamos aguardando a regulamentação e criação do Comitê, que no momento está sendo analisada pela Secretária de Estado de Fazenda, para trabalhar em conjunto para o fortalecimento desse modelo de negócios no estado”, explicou Geiza que também coordena o Movimento Rio de Impacto, iniciativa com 13 instituições de apoio ao setor. “Precisamos estar juntos de quem faz, trazendo mais empreendedores para perto, de forma a dialogar e levar as demandas para o Comitê para pensar em políticas de desenvolvimento para os negócios de impacto do estado”, finalizou.

A próxima roda de conversas em parceria com Rede Cooperativa de Mulheres Empreendedoras está marcada para o dia 30 de julho.

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