Avanços dos ecossistemas de negócios sociais do país são debatidos em painel

O Rio de Impacto promoveu nesta quarta (24/06) uma troca de experiências entre os ecossistemas de negócios sociais de diferentes regiões do país na promoção e estímulo destes empreendimentos do bem. O painel virtual, transmitido pelo canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico no YouTube, debateu também como esses atores vêm se articulando para o fortalecimento da cadeia de atores desse modelo de negócios e suas estratégias de desenvolvimento.

A região Nordeste é pioneira em experiências de fomento ao setor no Brasil. O Rio Grande do Norte foi o primeiro estado a instituir a Política Estadual de Investimentos e Negócios de Impacto Social (Lei 10.483/19), seguido pelo Rio de Janeiro (Lei 8.571/2019). “O marco legal dos negócios de impacto no Rio de Janeiro foi uma iniciativa do legislativo, diferentemente do Rio Grande do Norte, onde foi proposto pelo Executivo. Então foi necessária toda uma articulação para avançar na criação do comitê, previsto na legislação, e internalizar no Estado ações e políticas de apoio a estes empreendimentos”, explicou a secretária-geral do Fórum, Geiza Rocha, que também coordena o movimento Rio de Impacto.

Já o Nordeste continua implementando inciativas inovadoras de estímulo ao setor, como a plataforma Impacta Nordeste, primeiro portal de negócio de impacto, projetos sociais e de responsabilidade social da região. “Muitos empreendimentos, organizações e pessoas trabalham para transformar o Nordeste, mas poucos sabem disso. Com a economia concentrada no Sudeste, a falta de conhecimento sobre essas ações é um grande dificultador na hora de atrair investimentos, parcerias e oportunidades”, ressaltou Marcello Santo, fundador e editor-chefe do portal.

Ele destacou também a importância de um plano de comunicação para disseminar os conceitos e se conectar com o ecossistema nacional. “Precisamos de ferramentas para empoderar essas iniciativas, dando voz a quem precisa, divulgando oportunidades e atingindo quem deve escutar”, afirmou Marcello que realizou recentemente uma chamada para premiar negócios com soluções inovadoras que gerem impacto socioambiental positivo na região, conectando também com investidores.

Novas inciativas também estão surgindo como a rede nordestina CACTO (Coletivo de Impacto), que reúne sete estados (Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e Maranhão), e tem como missão articular, conceber e executar ações de apoio e desenvolvimento dos negócios sociais. “Estamos em um momento de buscar mais conexões com a região. Porém, já avançamos ao conseguir identificar pessoas que possam falar sobre o ecossistema de negócios de impacto com vivência no Nordeste, sem precisar importar do eixo Rio-São Paulo. Isso contribui para o mapeamento da rede que antes estava espalhada. Hoje o CACTO é esse elo entre os empreendimentos de impacto e as diversas instituições”, explicou a líder da iniciativa, Mayara Costa.

Segundo a analista de Programas do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Débora Souza Batista, a ausência de uma legislação específica no Brasil que cria uma personalidade jurídica para os negócios de impacto, dificulta a identificação desses empreendimentos e é um entrave ao fomento. A organização com base em São Paulo, mas com braços em todo território nacional, identificou quatro alavancas que, quando movidas concomitantemente, impulsionam o ecossistema. “A ampliação da oferta de capital comprometido com o impacto, aumentando o número de negócios a serem investidos e promovendo um macroambiente favorável, seja ele legislativo ou cultural, além do fortalecimento das organizações intermediárias, fecha esse ciclo das engrenagens”, enumerou.

Crise sanitária

O futuro dos negócios de impacto com a pandemia foi outro ponto de preocupação levantado pelos participantes do encontro. A crise econômica afeta muito o setor, já que grande parte dos empreendimentos encontra-se em estágio inicial e enfrenta dificuldades para se manter durante a crise. Porém, o grupo acredita que os negócios sociais podem contribuir muito para o mundo pós-pandemia. “O novo normal tem muito a beber na fonte dos negócios de impacto socioambiental no Brasil, que pode contribuir muito com soluções inovadoras para os grande desafios”, finalizou a professora do departamento de Administração e Gestão da PUC-RJ e membro do Rio de Impacto, Ruth Mello.

Acesse as apresentações:

Apresentação Impacta Nordeste - Marcello Santo

Apresentação ICE - Debora Souza Batista

Apresentação Cacto - Mayara Costa

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