Rio em Foco discute a reabertura de bares e restaurantes

A pandemia causada pelo novo coronavírus, com mais de um milhão de casos confirmados no país, impactou diretamente a vida de empregados e donos de bares e restaurantes. Quase três meses depois do início da quarentena, a estimativa do SindRio (Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio) é que, só na cidade do Rio de Janeiro, mil estabelecimentos já decidiram encerrar suas atividades e um terço deve falir até o fim do ano, se não houver políticas de fomento adequadas ao segmento. A desaceleração da atividade pode desempregar mais de 20 mil pessoas. Para discutir sobre a crise no setor que mais emprega jovens no estado, o Rio em Foco desta segunda-feira (22/06) recebe Fernando Blower, presidente do SindRio.

De acordo com Blower, o cenário atual é preocupante porque atinge principalmente pequenos empresários que já lutavam com os efeitos negativos da crise econômica, antes das medidas de restrição de circulação de pessoas."Realmente essa crise foi um 'tsunami' para a nossa categoria, que é formada basicamente por empresas de pequeno porte. O resultado disso é perda de emprego, fechamento de empresa e uma dificuldade muito grande para a retomada, porque o crédito também não está chegando para este pequeno empresário da maneira que deveria, nem em volume, nem em velocidade", alerta Blower.

Diante deste cenário desafiador, o SindRio negociou com os empregados do setor uma nova convenção coletiva de trabalho com o objetivo de preservar o maior número possível de postos de trabalho neste período. "O SindRio fechou convenções coletivas emergenciais flexibilizando uma série de direitos como férias, rescisões, redução de jornada de trabalho etc. De tal forma que pudéssemos preservar o máximo possível de empregos", informa Blower.

Blower avalia como positiva a sanção da lei federal que cria o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), a medida empenha R$ 15,9 bilhões para empréstimos à microempresas. "O nosso apelo é que os fundos alocados para o crédito sejam suficientes para a retomada das atividades", pede.

Fernando Blower destacou também a importância de um maior equilíbrio entre legislações estadual e municipal para desburocratizar a reabertura dos bares e restaurantes. "É importante que haja uma harmonização entre as diferentes esferas de poder. No momento há uma diretriz por parte do estado e outra por parte do município. Isso é muito complicado, porque o empreendedor, que já está cheio de problemas, não sabe o que obedecer: o Estado fala que pode abrir com 50% de ocupação, o município fala que ainda não pode abrir e, quando puder, teremos que colocar um cliente a cada quatro metros quadrados, 30% de ocupação e dois metros entre mesas. Ora! Não precisa ser um especialista no setor para ver que vai ser inviável", reclama o presidente do SindRio.

Apesar dos problemas e da preocupação com a saúde de clientes e colaboradores, Blower enxerga oportunidades na crise. De acordo com ele, há uma aceleração na busca pela implementação de novas tecnologias de atendimento e uma aproximação com os produtores locais de insumos. "O estado do Rio tem vários produtores ligados a gastronomia muito interessantes, como laticínios, de hortifrúti, em várias regiões do estado. Estes produtores abastecem muito os restaurantes. Estamos vendo o fortalecimento destes laços com demandas do próprio cliente por 'consumir local', por saber a origem do alimento", conta Blower.

Uma das medidas considerada como fundamental para a retomada do funcionamento dos bares e restaurantes é a conscientização do empreendedor quanto à importância da obtenção do "Selo Turismo Consciente", fornecido pela Secretaria Estadual de Turismo aos estabelecimentos que seguem as regras estabelecidas pela Secretaria Estadual de Saúde para reduzir a possibilidade de contágio. Para obter o selo é preciso acessar o site www.turismoconscienterj.com.br e adotar os protocolos descritos no manual "Mandamentos para o Turismo Consciente". Os estabelecimentos interessados devem se cadastrar, atestando, por autodeclaração, que se comprometem a cumprir todos os critérios estipulados. "Este Selo é um produto da visão do setor conjugada com as necessidades de preservação da saúde. Recomendo a todos que entrem no site e peguem o seu selo. É importante cumprir todas as regras e mostrar isso ao cliente. Dar publicidade é importante para que o cliente se sinta seguro", afirmou Blower.

A importância dos Bares e Restaurantes para a economia fluminense é patente: contribuem com R$ 9 bilhões anuais na composição do Produto Interno Bruto (PIB). As dificuldades do setor impactam diretamente no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), principal tributo arrecadado em âmbito estadual. Em maio de 2020, o recolhimento de ICMS na atividade de bares e restaurantes recuou 83,5% em comparação com o mesmo período do ano passado – novo pior resultado da série histórica, segundo levantamento do SindRio. "Nosso interesse é proteger a população com responsabilidade, mas harmonizados com o desenvolvimento econômico. Precisamos entrar numa pauta de fomento à retomada dos negócios. Na hora da retomada os empreendedores precisarão de muito apoio", afirmou o presidente do sindicato patronal.

O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 15.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (23/06), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de Podcast. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (27/06), às 17h, e domingo (28/06), às 20h.