Prestes a completar três meses do início das medidas restritivas no estado, ao menos mil bares e restaurantes já decidiram encerrar suas atividades de forma definitiva. O número equivale a 10% dos estabelecimentos da cidade do Rio de Janeiro. O impacto disso se reflete na perda de 20 mil postos de trabalho no setor que mais emprega jovens e que movimenta R$ 9 milhões do PIB da capital fluminense. Os dados são do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro. Os desafios do setor foram discutidos em um bate-papo realizado na quarta-feira (10/06), com o presidente do SindRio, Fernando Blower, numa live no perfil do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no Instagram.
“É um momento complicado, de indefinição, quando deveríamos ter diretrizes bem estabelecidas. Esse período deixará cicatrizes, a volta será lenta, mas temos de trabalhar para atenuá-las da melhor maneira e apontar as soluções”, afirmou Blower.
De acordo com o SindRio, 75% dos estabelecimentos estão registrados no Simples Nacional, ou seja, empresas de pequeno porte, que já vinham de uma crise financeira nos últimos três anos. “Esses negócios já vinham operando com o caixa no limite. Hoje apenas metade dos 15 mil bares e restaurantes do estado estão funcionando. A outra metade está operando com sistema de entregas e take away, movimentando somente 25% da receita que tinham antes da crise”, contou.
A falta de acesso ao crédito para o setor foi apontada por Blower como a maior demanda dos empresários do ramo. “Os empréstimos não chegam aos pequenos que não conseguem cumprir as exigências. Cerca de 82% dos que tentaram, tiveram o pedido negado. Aguardamos agora a liberação do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) que deve acontecer nas próximas semanas. É fundamental que haja políticas de créditos consistentes e que levem em conta as particularidades do setor”, completou.
Retomada das atividades
A flexibilização das medidas restritivas já sinalizadas pelos governos com a retomada das atividades também foram analisadas por Blower. “A abertura se tornou num imbróglio e não há harmonização entre os poderes estadual e municipal. A última coisa que precisávamos agora era de mais essa insegurança”, pontuou.
Ele ainda ressaltou que, do jeito que as medidas estão sendo desenhadas, sem a construção de um diálogo com o setor, pelo menos um terço não deve conseguir manter as atividades até o fim do ano. “O protocolo exige uma capacidade máxima de uma pessoa a cada quatro metros quadrados na área de atendimento. Os estabelecimentos da cidade têm salões com cerca de 20 metros quadrados, ou seja, poderiam atender cinco pessoas por vez. Nenhum negócio se paga dessa maneira”, argumentou.
Para contribuir com a retomada, o SindRio participou da elaboração de um protocolo de procedimentos de boas práticas, liderado pela Associação Nacional de Restaurantes, que enumera as medidas de segurança que devem ser adotas para a volta das atividades de bares e restaurantes de forma a minimizar os riscos. O material pode ser acessado aqui.